JUE 28 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 23:45hs.
Análise do Reinaldo Chequer, fundador da agência eFábrica

O sucesso e aderência dos eSports no Brasil está relacionado somente à pandemia?

Em sua rede social, o especialista em comunicação e eSports Reinaldo Chequer publicou uma análise sobre como os jogos eletrônicos explodiram no país. Para ele, não foi apenas a pandemia que deu abertura para esse boom, mas também a trajetória e solidificação da atividade em território nacional. 'Acredito que naquele momento, a alternativa para eventos e entretenimento de alto nível e escalável, já estava pronta e foi só aproveitar e se abrir ao novo. Com isso, um mercado que não vinha sendo visto, mas vinha crescendo em silêncio, explodiu”, relata Chequer.

Há um tempo venho refletindo sozinho sobres marcos que fizeram o mercado de eSports explodir no Brasil, sem um viés pessimista, olhando apenas pela tragédia da pandemia e minimizando a luta árdua de toda comunidade e, com certeza, de alguns movimentos que aconteceram nos últimos anos.

É claro que eu entendo que essa guinada aconteceu nesse período e sem dúvida houve interferência, mas acredito que naquele momento, a alternativa para eventos e entretenimento de alto nível e escalável, já estava pronta e foi só aproveitar e se abrir ao novo. Com isso, um mercado que não vinha sendo visto, mas vinha crescendo em silêncio, explodiu!

Assisti um webinar com os talentosos Thiago Milhazes e Gabriel Duarte - caras que estão imersos nesse universo desde muito antes desse boom todo acontecer.

Em dado momento, perguntaram a eles o que de mais relevante aconteceu nos últimos dois anos, e naquele momento, na minha opinião, estava diretamente ligado a aderência do tema hoje, no país. A resposta deles estava completamente em linha com o que eu tinha na cabeça, mas com ainda mais observações interessantes e eu aproveito para compartilhar com vocês.

Então, como conteúdo e credibilidade ajudam qualquer mercado a se consolidar e crescer, certos pontos foram marcos essenciais para isso, e são eles: 

1. Entrada da Globo (Essa eu inclusive tive a oportunidade de participar por bastante tempo e foi minha escola nesse tema)

A Globo é o maior grupo de mídia do país e um dos maiores do mundo e com a chancela dela dentro do tema, vem trazendo desde 2016/2017, mais credibilidade e olhar do mercado para o tema. Grandes e incríveis marcos aconteceram lá, como:

  • CBLOL com transmissões semanais na TV e matérias e especiais incríveis no digital.
  • Prêmio eSports Brasil, o Oscar dos eSports no país.
  • Criação e oficialização do Campeonato Brasileiro de Counter Strike (CBCS), uma modalidade muito consumida e jogada pelo brasileirinho.
  • Free Fire na TV, trazendo uma janela incrível de histórias e atletas que até ontem não tinham muito.
  • Mais iniciativas para o mercado também tiveram participação em geral como o reality "Looking for a Caster" (que deu visibilidade a vários castres que hoje fazem sucesso), GameXP (GamePark Geek com eSports que acontece anualmente no Rio), Player 1 (plataforma de Match Making, para você encontrar competições e amigos para jogar), entre vários outros…

2. Eventos presenciais chegando ao Brasil

Chegada de eventos presenciais de relevância e com força de longo prazo. CBLOL, por exemplo, consolidado e com eventos enormes todo final de ano, chegando a exibir sua final para mais de 10 mil pessoas in loco, no estádio do Pacaembu. Além dele, inúmeros outros vinham acontecendo antes da explosão, como por exemplo o Major de CSGO (Maior evento da modalidade no mundo), aconteceria no Brasil antes da tragédia do vírus.

3. Entrada do Clube de Regatas do Flamengo 

Com isso, você tem o maior brasão do pais estampando os jogos eletrônicos. Times formados e com contratos - em suas proporções - igual a todos os atletas do clube, seja de futebol, basquete ou remo. Além dele, outros grandes nomes como Corinthians foi campeão mundial de Free Fire, consagrando um Brasileiro genial - Nobru - como melhor jogador do mundo.

4. Efeito Gaules 

Gaules, que ano passado foi o segundo maior streamer (talento que produz conteúdo digitalmente e dentro de sua própria casa) do mundo, mudou a linguagem e a narrativa para transformar a torcida dos eSports em uma torcida tradicional, com passionalidade e amor pelos "brasileirinhos". Criou um ambiente diferente para se assistir uma partida. Sem roteiros e formalidades, apenas como se assistíssemos um jogo no estádio ao lado de nossos amigos. Isso gerou um engajamento absurdo e a forma como se assiste uma stream, mudou desde então.

5. Loud, com o Free Fire

Nascimento e ascensão do Free Fire (jogo de battle royale para telefones celulares) e o movimento da Loud, fazendo conteúdo, transformando atletas em personalidades e incluindo um público novo, que não era usuário ativo de eSports ate 2017, onde o esporte eletrônico totalmente elitista, devido aos preços para se ter uma boa maquina. Pra se ter ideia, a LOUD é primeira organização de eSports a bater 1 bilhão em visualizações em seu canal.

Reinaldo Chequer
Apaixonado por games e eSports, ele atuou na criação e gestão de projetos e no relacionamento com empresas e publishers do setor. Participou de produtos como o Prêmio Esports Brasil, Game XP, o reality "Looking For a Caster", além da editoria e youtube de eSports do Grupo Globo e outros projetos do seguimento. Hoje, é sócio e responsável pelo desenvolvimento de novos negócios e gestão de projetos na eFábrica.