MIÉ 27 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 01:47hs.
Oskar Fröberg, fundador e CEO da Abios

“A intenção é regular as apostas esportivas e eSports no Brasil até o final de 2022”

Os esforços do Brasil para regular as apostas esportivas têm recebido bastante atenção, mas também estão incluídas na legislação as apostas em eSports, que podem vir a ser um setor chave no país. A iGaming Business conversou com Oskar Fröberg, fundador e CEO da operadora de eSports Abios, sobre como as apostas em esportes eletrônicos são recebidas no país e se sua legalização pode ser um ponto de virada para o setor.

As apostas esportivas têm sido motivo de muita discussão no Brasil, principalmente desde que a Medida Provisória 846/10 foi aprovada em dezembro de 2018. Isso abriu um prazo de dois anos para o governo formular leis de apostas esportivas – que foi prorrogado por mais dois anos.

Isso nos leva ao final de 2022. Depois que as regras foram publicadas no início deste ano, as operadoras estão percebendo o entusiasmo do Brasil por esportes como o futebol. No entanto, o mercado de eSports do Brasil também merece muito interesse.

Fröberg diz que o mercado brasileiro tem sido o foco da Abios desde o seu início, devido ao próspero mercado de eSports do país – e um número seleto de grandes comunidades de eSports.

O Brasil entrou no meu radar em termos de eSports quando começamos a Abios, há quase 10 anos”, diz Fröberg. “Em 2013, o Brasil já era muito proeminente no League of Legends, e havia muitas grandes comunidades de League of Legends no Facebook onde as pessoas conversavam e discutiam sobre o assunto, junto com outros eSports.”

Pelo que entendi, a intenção é legalizar ou regular as apostas em esportes e eSports até o final de 2022. Estamos de olho nesse tipo de coisa porque entregamos produtos de probabilidade ou odds em muitas regiões diferentes e em todas onde estamos licenciados.”

Fröberg acredita que isso decorre do amor existente na América do Sul por esportes, que se manifestou em uma predileção por jogos com temas esportivos, como FIFA.

Na América do Sul em geral, vemos uma enorme popularidade para FIFA ou esoccer”, continua Fröberg. “No mercado sul-americano, não há motivos para que o Brasil seja diferente. Sendo uma nação com o futebol no coração, obviamente eles estarão muito interessados ​​em FIFA e/ou esoccer.”

O povo do Brasil, é justo dizer, é muito dedicado e muito interessado em esportes em geral e muitos deles aparentemente estão muito, muito interessados ​​em eSports.

O caminho para a promulgação

Os eSports estão incluídos nos regulamentos de apostas esportivas do Brasil, o que significa que muitos aspectos publicados em maio - como uma taxa de licença de R$ 22,2 milhões (£ 3,6 milhões / € 4,2 milhões / US$ 4,4 milhões) - serão incluídos.

Fröberg observa que talvez o maior diferencial seja a regra de que uma operadora deve ter uma subsidiária no país para poder oferecer apostas legalmente.

Acho que haverá alguns aspectos particulares nas regulamentações brasileiras, onde acho que, para oferecer produtos de apostas esportivas lá, você precisará ter uma subsidiária sediada no Brasil – o que obviamente aumenta o custo para oferecer qualquer forma de produtos, o que diminui a concorrência.”

Isso pode ser um benefício para os provedores de eSports estabelecidos, continua ele, mas pode significar problemas para aqueles que tentam começar no setor.

[Isso] pode ser bom para alguns de nossos clientes, alguns dos operadores, mas pode ser menos para algumas das startups de eSports.”

Embora a regulamentação seja incerta, Fröberg estabelece que há um próspero mercado de eSports no Brasil pronto e esperando. Mas para as casas de apostas tradicionais, inclinar-se para o apelo das apostas em eSports pode ser complicado.

No entanto, Fröberg não está preocupado em como atrair apostadores para eSports, acreditando que isso não é um problema. Ele diz que o apetite por apostas já está presente em certas comunidades de eSports, o que significa que o foco deve ser mais em fazer com que os jogadores de esportes eletrônicos apostem em vez de atrair apostadores interessados ​​na modalidade.

Olhando para como o eSports se desenvolveu, nas regiões onde ele é popular, anda de mãos dadas com as apostas de eSports”, diz ele. “Acho que é uma parte natural da comunidade CS:GO e sempre foi, em termos de troca de skins. Há muitos brasileiros que faziam trocas de skins quando era uma área cinzenta, antes da Valve bani-la.”

Quando você assiste a um esporte competitivo ou eSport de qualquer tipo, as pessoas querem fazer apostas e tornar a experiência de visualização ainda mais emocionante.”

Um desafio pode ser o marketing. Fröberg olha para a recente re-regulamentação da Holanda como um exemplo, que foi rapidamente seguida por medidas rígidas sobre publicidade. As operadoras podem ter que trabalhar para evitar uma reação semelhante pós-lançamento no Brasil.

Olhando para certas jurisdições, o marketing para usuários de apostas é regulamentado e difere de mercado para mercado”, diz ele. “Como a Holanda, por exemplo; que acabou de ser regulamentado este ano, tem sido muito rigoroso sobre como você pode comercializar para os apostadores.

O foco da América Latina

Embora o Brasil seja, sem dúvida, o mercado mais atraente, a América Latina como um todo é de grande interesse para Fröberg e seu negócio.

Fröberg vê a América Latina como uma oportunidade vibrante de investimento, uma crença apoiada por várias operadoras que correm para fechar negócios na região nos últimos anos.

Dado o fato de ser muito populoso, com muitas pessoas, e ter uma economia em crescimento, com renda disponível cada vez maior a cada ano que passa, o Brasil será um dos principais mercados para o crescimento futuro dos eSports e esportes em geral”, diz Fröberg.

É também por isso que vemos – não apenas nos eSports, mas também nos esportes tradicionais e nas apostas esportivas tradicionais – por que muitas empresas líderes do mundo estão investindo tanto no Brasil e na América Latina em geral. É que há uma grande crença em um mercado com uma trajetória futura positiva”.

O Brasil tem uma posição única no mundo das apostas. Com um público entusiasta de esportes e eSports, interesse crescente dos operadores e grande apoio daqueles que desejam obter uma fatia da ação, pode ser o maior campo de testes para uma estratégia liderada por eSports.

Fonte: iGaming Business (por Marese O'Hagan)