GMB -
Você participou da última edição do BGC em novembro de 2016. Qual a sua opinião
sobre evento e qual a expectativa para sua participação e para o evento deste
ano?
Bruno Omori - O evento BCG
apresentou ótimos painéis sobre temas estratégicos da regulamentação dos Jogos
no Brasil, desde a promoção do turismo Brasileiro, da legislação, dos
investidores, da tributação e diversos aspectos do aumento de faturamento,
arrecadação e impostos que o segmento de jogo pode trazer para o Brasil. Foi
excelente ter sido um dos palestrantes na edição anterior e ser convidado para
ser palestrante nesta nova edição em 2017, trouxe vários contatos de
networking, conhecimento do mercado de jogos e possibilidade de novos negócios.
A
ABIH/SP já se declarou anteriormente favorável a legalização dos jogos. O que a
associação projeta como efeito positivo da legalização para o setor de
hotelaria? Quais novos negócios ligados a hotéis-cassinos podem surgir após a
legalização, considerando novos empreendedores que se interessem pela atividade?
A regulamentação do Jogo e mais especificamente dos Cassinos cria oportunidades
de atração de investimento internacional, renovação do parque hoteleiro,
aumento de postos de trabalho atuais e de novas funções, divulgação e
fortalecimento de destinos turísticos com o mercado nacional e internacional.
Dentre os novos negócios podemos destacar a criação de novos pontos de vendas
com os jogos, entretenimento, merchandising, eventos diferenciados ligados ao
mercado de incentivo e entretenimento.
Qual a expectativa da ABIH/SP com
relação à geração de empregos? Quais seriam as funções que gerariam mais vagas
e como preparar os novos profissionais para esses postos?
Se pegarmos um hotel econômico, hoje temos 0,3 a 0,4 colaboradores por Uh
(unidade habitacional), em hotéis midscale fica entre 0,5 a 0,7 colaboradores
por UH e em hotéis de up-scale e luxo de 0,8 a 1,5. Projetamos que em um
Cassino esta relação pode chegar a até 5 colaboradores por Uh; não somente pelo jogo, mas, pelo
entretenimento, melhoria na gastronomia e eventos/congressos que serão
agregados à estrutura. Postos como segurança, controlers, profissionais de
A&b, músicos, artistas, hostellers, serão acrescidos da demanda atual e
novos postos como crupiê, fiscais de salão, gerentes de jogos serão criados. A
ABIH-SP tem diversas parcerias com instituições de qualificação como a FIPE,
HOTEC, SENAC, MACKENZIE, além de parcerias com órgãos internacionais como OMT e
IH&RA e está sempre disposta de ampliar este leque para treinar com
qualidade os profissionais de hotelaria e turismo.
Como
a ABIH/SP tem acompanhado o processo de legalização dos jogos? Entre os
projetos em tramitação no congresso qual traria mais retorno a hoteleiro?
A ABIH-SP participa diretamente de todas as
discussões com a parceria, por exemplo, com a Frente Parlamentar Mista de
Turismo que é presida pelo Deputado Herculano Passos, participando de
Audiências Públicas promovidas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal e
com articulações com o Poder Executivo nos âmbitos Municipal, Estadual e
Federal. Do ponto de vista de retorno, acreditamos que tanto o Hotel/Cassino
como o Cassino/Hotel, serão interessantes e estratégicos para desenvolver o
destino, potencializar o turismo seccional, estadual e nacional. Do ponto de
vista de localização/concessão acredito que será necessário chegar a um meio
termo das possibilidades olhando o potencial turístico e capacidade de
desenvolvimento de cada Estado.
Existe
a expectativa que São Paulo seja o estado que possa receber um número maior de
resorts-cassinos. Quais regiões do estado têm mais condições de receber
resorts-cassino? Porque o estado tem atraído maior interesse desses possíveis
investidores?
O Estado de São Paulo tem mais de 40 milhões de habitantes, representa mais de
30% do PIB do Brasil, das 20 melhores rodovias do país 19 estão em SP, tem 3
aeroportos de grande porte, possui 70 estâncias turísticas, tem previsão de
chegada de 140 municípios de interesse turístico, além da Capital, que agrega a
melhor oferta hoteleira, gastronômica e cultural da América do Sul. Portanto
temos o potencial de receber Cassinos e os Jogos em todas as Regiões
Administrativas ou Circuitos Turísticos do Estado por que teremos demanda
interna, capacidade técnica e de logística para receber a demanda externa com a
mesma qualidade.
O
empresário Sheldon Adelson, do Grupo Sands e Jan Jones do Caesars apresentaram
grandes projetos para São Paulo durante suas viagens ao Brasil. O que você sabe
sobre esses projetos e qual sua opinião sobre eles? Existem outros grupos internacionais que
desejam investir e construir resorts cassino em São Paulo?
Acredito que os projetos, tanto do Grupo Sands, quanto o do Caesars, serão se
consolidados como grandes indutores de eventos e turistas nacionais e
internacionais fortalecendo o destino. Confirmo que existem grupos de fundos de
investimento Internacionais e Nacionais que podem investir tanto em SP como em
outros Estados/destinos do Brasil como, por exemplo, no Espírito Santo, onde
estive recentemente, com uma visão no mercado local, estadual, nacional e
internacional. Como em todo projeto hoteleiro/turístico de destino, alguns
fatores são estratégicos como: um Plano Diretor de Turismo dos Municípios
(planejamento do turismo para os próximos 4 à 20 anos), um ótimo estudo de
viabilidade econômica, parcerias com grupos econômicos e o poder público.
Você acha que o Brasil pode vir a ter uma região como a de Las Vegas em alguma cidade? Acredito que no Brasil o melhor seria que ao invés de criar uma região única de jogos, deve-se trabalhar no fortalecimento dos destinos e circuitos turísticos em todo Brasil, integrando todo o trade turístico com a criação de políticas públicas de desenvolvimento do turismo como fator de desenvolvimento econômico e social, como é realizado na França com 82 milhões de turistas internacionais, na Espanha com €200 milhões em divulgação do turismo, nos EUA com faturamento de US$204 bilhões em divisas com turismo internacional ou mesmo o México que já teve nos anos 90 perto de 4 milhões de turistas internacionais, como o Brasil, e hoje tem mais de 33 milhões.
Você
já declarou em outras entrevistas que com a legalização será possível chegar ao
número de 12 milhões de turistas. Qual o perfil desse turista que chegaria ao
Brasil com a regulação dos jogos? Qual a
participação do turismo interno nesse cenário?
Hoje o nosso mercado interno ultrapassa os 65
milhões de turistas Brasileiros viajando dentro do país com projeções e
potencial de chegar próximo a 90 milhões nos próximos anos. No turismo
internacional, hoje recebemos 6,6 milhões de turistas estrangeiros e se a Embratur
se transformar numa agência com recursos, como é a APEX por exemplo, com um planejamento estratégico
e gestão profissional como o Presidente atual, Vinicius Lummertz, almeja;
podemos chegar aos 12 milhões de turistas internacionais nos próximos 10 anos.
A regulamentação dos jogos pode antecipar esta projeção ou mesmo potencializar
o crescimento para patamares similares ao de cases de sucessos que citei
anteriormente, principalmente, se o poder executivo tiver uma integração maior
com o trade turístico e tratar o turismo como fator de desenvolvimento de
emprego, renda, econômico e social, no país com o maior potencial de recursos
naturais do planeta.
Fonte: Excluivo GMB