Paulo Saad, Presidente do Grupo Bandeirantes, moderou o painel e abriu o debate apresentando dados sobre o crescimento dos investimentos em publicidade pelas casas de apostas nos últimos anos que deve ser chegar a R$13 bilhões em 2023. Porém, ele fez uma ressalva importante quanto a utilidade dessas propagandas.
“É um volume expressivo para o mercado brasileiro; não é o maior, mas seguramente deve estar entre os três primeiros. Nisso tem dois pontos que são importantes em destacar: desse volume de dinheiro nenhum real, nenhuma parte foi usada para mostrar a opinião pública os benefícios, os problemas e a educação que todo o segmento precisa mostrar ao povo brasileiro. O mercado não está percebendo que há uma movimentação da opinião pública de pessoas e instituições contra a legalização ou a regulação das apostas esportivas e de todos os jogos em geral. Isso é uma coisa que está como se fosse uma espada sobre a nossa cabeça podendo prejudicar fortemente segmento, diminuir os investimentos, tirar a operação várias casas. A não regulamentação deixa aberto o campo para maus empreendedores ou empreendedores aventureiros em detrimento aos grandes ótimos empreendedores que nós temos. Eu acho um erro, uma miopia do segmento não destacar parte desse seu desse seu investimento para comunicação institucional, educacional e ensinar as pessoas a validade do jogo recreativo e a sua importância para o segmento”, disse Saad.
Em seguida, Carlos Cardama, CEO do Games Magazine Brasil, ressaltou que a falta de uma regulamentação de todo mercado atrapalha o crescimento dos investimentos e impede que as propagandas tenham qualidade ainda melhor.
“Tudo passa pela regulamentação. Nós estamos lutando a muito tempo para aprovar. O governo de uma forma ou de outra não está conseguindo emplacar uma regulamentação. A regulamentação dada fará com que o mercado seja mais forte através muito mais capitais que venham investir em nosso país. E isso trará uma prosperidade muito grande que traz um show de impostos, mão de obra e tudo isso faz por um grande mercado à disposição da população”, comentou Cardama.
“Nós grandes empresários hoje, particularmente eu posso falar por meu meio de comunicação, a dificuldade que as empresas têm para poder vir aqui por não ter regulamentação. Elas falam não podemos colocar dinheiro em um mercado cinza. Tristemente estamos passando por esse momento. Mas, nós somos um povo que aprendemos muitíssimo com todas as dificuldades. Contudo, a regulamentação contribuiria muito para esse mercado maravilhoso”.
Diego Fernández, Diretor de AdTech da Pipolhub, salientou a importância de fazer uma mediação correta de sua propaganda pelos diferentes meios. “Hoje o operador está pagando um preço de aquisição muito alto por seus jogadores no Brasil. Isso, basicamente, pode ser manter em um momento de crescimento como estamos vendo na feira, porém, não é sustentável por muito tempo. A regulação pode trazer uma mídia mais aberta com menos players operando tornando o negócio mais sustentável para todos”, disse Fernández.
“Um tema muito importante em tudo isso é como encontramos uma organização para toda essa indústria. Há uma grande exposição no mercado local não somente na televisão com propagandas tradicionais, mas, como patrocinadores em equipes de futebol e qualquer evento esportivos, como tem feito as marcas. Essas marcas destinam centenas de milhões em um modelo quase nulo de divulgação. Nós fazemos um trabalho grande de acompanhamento com as marcas e os veículos para trazer uma organização exitosa que permita que eles tenham um negócio no futuro”, Fernández também explicou.
Guilherme Frioli, Head de Publicidade e Negócios do UOL, destacou a força da publicidade na parte educacional do jogador para que o mercado ganhe visibilidade real entre o público. “Se não houver uma parte dedicada para cultura e para didática, dificilmente a gente vai conseguir ter um mercado mais sadio. A gente precisa sair um pouco do imediatismo. Hoje as marcas são muito focadas na questão de performance, o querer agora e isso não funciona da noite para o dia, ainda mais num país que não tem a cultura do mercado de apostas. Precisamos trabalhar a marca e utilizar todo o nosso inventário, o poder que a gente tem nas mãos como produtores de conteúdo, porque isso sim é o que vai dar visibilidade, vai chancelar a relevância das marcas dentro desses inventários”.
Finalmente, Ricardo Magri, Diretor da Empresa Brasileira de Apoio à Compulsividade – EBAC, afirmou que a publicidade também ajuda o mercado a se autorregular. “Um mercado que não é regulamentado se autorregula. A gente falou disso aqui em painéis, eu acho isso positivo porque o mercado mostra um pouco a seriedade de alguns perante o cenário. Aquela empresa que finalmente veio, ela era preocupada desde o início, relutava em vir porque o mercado não era regulamentado. Ela veio, fez um resultado muito bom, não faz nada de errado, mas por iniciativa dela própria”.
Fonte: GMB