Games Magazine Brasil - Como você avalia o atual momento do setor no Brasil com a regulamentação das apostas esportivas e jogos online?
Wesley Cardia - Sobre todos os aspectos, dá para ver que é o ano do Brasil. O interesse de todo mundo com quem falei foi sobre o país. Todos querem saber de novidades e o que está acontecendo. Nos próprios voos do Brasil para Londres antes do início da ICE London, era impressionante a quantidade de gente que encontramos. Ou seja, o Brasil é a bola da vez.
O próprio José Francisco Mansur, responsável pela regulamentação [que deixou a função nos últimos dias], disse que em julho sai a lista das primeiras empresas licenciadas. O que lhe parece este estágio em que o processo se encontra?
Quanto tempo se esperou por isso! Que coisa impressionante. Há anos e anos que se fala "vai sair, vai sair" e nunca saía. Agora já temos data, a regulamentação está sendo implementada, há a lei e as portarias estão saindo. Já nos próximos dias sairão as primeiras, segundo o Ministério da Fazenda e isso nos dá a certeza, finalmente, de que as apostas vão funcionar de maneira coordenada, de maneira legalizada e regulamentada no Brasil.
Os operadores estão ávidos por isso. Mas eles já estão prontos?
Não. Pronto não tem ninguém, porque nós não sabemos ainda todas as regras. Então, algumas regras, claro, serão do mercado internacional, outras serão próprias do Brasil. Então eu diria que 100% prontos não tem ninguém, mas todo mundo está se adaptando para o novo regulamento.
Temos 134 empresas que apresentaram interesse em aplicar por uma licença. Segundo Manssur, todas deverão apresentar efetivamente o pedido. Você acredita nessa quantidade?
Eu venho falando desde o início, já em 2022, que seriam entre 60 e 70 empresas. Eu não acredito em 134, até porque algumas dessas que estão ali não são empresas de jogos, são escritórios de advocacia ou de contabilidade que pediram a pré-licença para vender o lugar na fila. Então eu não acredito nesse número de 134. Por outro lado, acredito que o número de marcas será muito maior porque muitas dessas que se apresentaram e efetivamente vão colocar no mercado, vão usar duas, três marcas. Assim, o número de marcas passa de 200.
Ou seja, um mercado mais do que consolidado a partir da regulamentação e se equiparando com outros grandes mercados globais?
Sem dúvida alguma. O Brasil é visto hoje no mundo todo como um dos grandes mercados e isso todos os operadores, todas as empresas e as mais de 40 mil pessoas que estiveram na ICE London sabem disso. Portanto vai ser um novo momento a partir da regulamentação, que dará uma peneirada. Muitas empresas que estão no mercado vão sair, serão compradas ou simplesmente vão parar de operar. Mas as grandes empresas vão ficar no Brasil de forma regulamentar.
O mercado cinzento tende a ficar cada vez mais transparente?
Eu diria que o mercado cinzento tem que desaparecer. Claro que não existe nenhum país do mundo que não tenha algum mercado cinzento, mas o prognóstico - usando uma linguagem de jogo - é de que algumas centenas desapareçam.
Fonte: Exclusivo GMB