MAR 26 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 01:28hs.
Andre Gelfi, presidente do IBJR

“Com a regulação a inovação tecnológica subirá de nível no mercado brasileiro de apostas esportivas”

O presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), Andre Gelfi, sempre é questionado sobre a regulamentação do mercado brasileiro e não se furta de falar sobre a preocupação quanto aos impostos aos operadores e principalmente aos apostadores. Mas nesta entrevista exclusiva ao GMB, além de abordar esse tema, destacou a tecnologia que se vê no setor como a ponta de um iceberg. “Virão novas tecnologias e sofisticação e isso é um capítulo a ser escrito no Brasil a partir da regulação”.


Games Magazine Brasil - Mais uma vez o Brasil é o foco das atenções dos players mundiais, desta vez no SBC Miami. Queria que você avaliasse como está sendo a expectativa do mercado para o Brasil.
Andre Gelfi -
É a minha primeira experiência aqui no SBC LatAm. Eu nunca tinha estado em Miami para esse evento e é uma grata surpresa o tamanho da feira, a conveniência de estar hospedado aqui no hotel e a parte de exibição e os painéis, muito conveniente. Nos sentimos muito acolhidos nessa estrutura e isso facilita a interação. Indo direto à sua pergunta, já deu para entender que a expectativa é grande com relação ao futuro do nosso mercado. Acabamos de sair de um painel que falava em seu título em "gigante adormecido", uma expressão que conhecemos bem e que é recorrente há muito tempo. Foi o que colocamos ali no painel, junto com Alexandre, de que esse gigante já está desperto, e agora a gente precisa tratar de organizá-lo. A regulamentação é fundamental para que, de fato, a gente consiga fazer com que esse gigante caminhe de forma saudável daqui em diante.

Existe uma grande expectativa com relação à regulamentação. A gente espera que na primeira quinzena de novembro tenhamos novidades positivas no Senado. Deixamos claro [ao Parlamento] que temos certa apreensão com relação à questão econômica, questão tributária de uma forma geral, principalmente a questão dos apostadores, que é a mais sensível. E acho que conseguimos sensibilizar e fizemos a nossa parte. O que estava ao nosso alcance para sensibilizar e conscientizar as partes envolvidas, tanto no Governo quanto no Congresso, com relação a esse assunto. Vamos ver como é ele se desfecha no final das contas. Estamos muito otimistas com a postura e a receptividade que temos encontrado nas discussões. Agora, esperemos para ver os fatos concretos.

Os players têm a mesma visão e a boa expectativa em relação a esse gigante não mais adormecido?
Você tem mais otimistas e menos otimistas, muita apreensão e expectativas, porque a questão é fundamental e determinante para o desfecho favorável ou desfavorável do mercado. Como não é fato consumado, cada um tem uma forma de reagir aos fatos futuros. Independentemente de otimismo ou ceticismo, há uma grande expectativa, pois o Brasil é um mercado que desperta a atenção não só internamente, mas aqui fora. Estamos em Miami e há a atenção do mercado americano. Estamos próximos da regulamentação e vejo que há outro canal de interesse que não estava tão visível em nosso radar que se abre em relação a investidores americanos. Saio daqui otimista com relação aos nossos próximos anos.

Com relação aos “nossos próximos anos”, o que vai acontecer com os pequenos operadores? Você acredita em fusões, acredita em grandes players internacionais assumindo a carteira? Como você visualiza esse futuro?
Acho que haverá mudanças relevantes com relação aos operadores pequenos. As regras estarão postas e a exigência de investimentos não é menor. Dependendo da característica de cada player, o caminho será um ou outro. Desde fusão até incorporação, ou somente banco de dados e, menos provável, tecnologia. Enfim, haverá muito movimento e ajuste, a partir do momento que o mercado for regulamentado. Hoje, o que a gente vê no Brasil é uma situação sui generis, não sustentável. É uma quantidade de marcas e de operadores muito acima do razoável. O mercado está muito concentrado, apesar de ser muito grande, na mão de menos de duas dezenas de operadores. O resto dos operadores estão disputando ali um lugar nesse mercado, mas dificilmente de uma forma sustentável.

Então, a gente entende que essa consolidação, a partir da regulamentação, vai ser inexorável. Muitas mudanças para os pequenos operadores. Eu espero que o governo se sensibilize com relação à realidade desses operadores e que tenha um tratamento ali que consiga viabilizar a formalização dos mesmos a partir da publicação da regulamentação no Senado e, por conseguinte, através das portarias do Ministério da Fazenda.

Você falou em tecnologia. O melhor da tecnologia mundial já está no Brasil?
Olha, eu acredito que a gente está vendo só a ponta do iceberg. Na minha cabeça, a gente, a partir da regulamentação com segurança jurídica, vai ver projetos com outro nível de ambição, enquanto a maturação. Acho que vamos começar a ver movimentos de mais longo prazo, novas tecnologias aparecendo e sofisticação em um outro patamar. Eu acho que a gente só viu a ponta do iceberg. Tem muita coisa acontecendo e basta ver a feira e o nível dos grandes fornecedores. Entendo que a parte de inovação tem um capítulo a ser escrito no mercado brasileiro a partir da regulamentação.

Fonte: Exclusivo GMB