
Games Magazine Brasil - Como foi o SBC Summit Rio 2025 para a Sportradar?
Felippe Marchetti – Foi um evento muito importante para a indústria, reunindo vários players relevantes e discutindo questões que vão além do setor, como a integridade no esporte, que é fundamental. A indústria tem um papel significativo nisso, ajudando a proteger o esporte de maneira geral aqui no Brasil.
O Brasil deixou o ranking de líder em manipulação de resultados após dois anos. A que se deve essa queda de 48%?
Vários fatores contribuíram para essa redução. Primeiramente, houve um aumento no monitoramento dos jogos. Hoje, além da CBF, trabalhamos com 17 federações estaduais, fornecendo os relatórios mais completos que existem.
Isso certamente afugenta os manipuladores, pois, como em qualquer tipo de crime, eles buscam oportunidades onde há menos visibilidade e monitoramento. Ao expandirmos essa cobertura, criamos um ambiente mais seguro.
Outro ponto importante é a educação. A Sportradar trabalha com 13 federações estaduais nessa área e, no ano passado, atuamos com clubes como Palmeiras e Atlético.
Levamos conhecimento aos atletas, não para ditar regras, mas para conscientizá-los sobre como agir caso sejam abordados por manipuladores, os riscos envolvidos, não apenas de punição, mas também a nível pessoal, e como se proteger da manipulação. Esse é um caminho fundamental para aumentar a segurança no Brasil.
O que você acha de as casas de apostas apoiarem as federações no combate à manipulação de resultados?
Acredito que vai além de um gesto nobre; é uma obrigação moral. Os operadores fazem parte desse ecossistema e também perdem quando há manipulação. Eles podem auxiliar as entidades esportivas a combater o problema não apenas organizando eventos e debates, que muitas vezes caem no lugar-comum, mas com ações práticas.
Com base nisso, no ano passado criamos o projeto "Parceiro de Integridade", onde os operadores financiam o monitoramento para as federações estaduais. Temos tanto a Reductitado quanto a NGX como parceiras de 12 federações no Brasil. Além disso, operadores como Esportes da Sorte e Estrela Bet estão oferecendo workshops para os clubes que patrocinam, contribuindo para a construção de um ecossistema mais saudável.
Isso abrange não só o profissional, mas também as categorias de base, educando os jovens sobre questões que vão além da manipulação, como o "inside information". Isso ocorre quando o jogador compartilha com a esposa, amigo ou vizinho alguma informação de bastidor que pode ser utilizada para apostas e, no final das contas, pode se voltar contra ele.
Mostrar ao jogador que o "inside information" também é prejudicial e levar essa educação de maneira holística e abrangente é papel de todos.
No ano passado, você esteve dando cursos de educação em diversos clubes do Brasil, como Atlético e Palmeiras. Quais serão os próximos?
No próximo mês, estaremos no Criciúma, em um contrato que fechamos com o Esportes da Sorte, além de Corinthians e Ceará. Outros operadores estruturados presentes na feira gostaram desse conceito e nossa ideia é expandir, tentando levar esses conceitos educacionais ao máximo de clubes no Brasil.
Por que a Sportradar afirma que a educação é essencial no combate à manipulação de resultados?
A conscientização da população é o primeiro passo para corrigirmos um problema como esse. Educar a indústria como um todo, principalmente os atletas, cuja imagem está em jogo, é essencial para mudarmos o cenário no Brasil e reduzirmos esses números cada vez mais.
Qual inovação ou produto vocês trouxeram ao evento?
Sim, trouxemos um produto novo, principalmente para operadores, que é uma plataforma de jogo responsável. Nela, os operadores podem identificar quais apostadores têm maior propensão à adição, tanto em cassino quanto em apostas esportivas.
Com base em uma ferramenta desenvolvida em parceria com a Universidade de Neuchâtel, na Suíça, é possível enviar mensagens de jogo responsável e limitar o tempo de tela desse apostador. Isso cumpre a exigência do Ministério da Fazenda e ajuda a construir um ecossistema sustentável a longo prazo para a indústria como um todo.
Como você analisa esse início do Brasil regulado? E qual é o futuro do mercado de iGaming e apostas esportivas nesse contexto?
Vejo um mercado onde os operadores se sentirão mais confortáveis em investir em integridade, auxiliar e compartilhar informações, pois agora estão em um mercado regulamentado e seguro, podendo compartilhar dados de maneira legal.
Também percebo um compromisso maior com a sustentabilidade da indústria como um todo. Houve um investimento muito alto para entrar no mercado brasileiro e a proteção do ecossistema é do interesse de todos.
Haverá bastante trabalho para este ano, então?
Com certeza, mas é um trabalho que compensa no final do dia, pois estamos fazendo o bem para o esporte, que é um patrimônio cultural do país, e, a partir disso, estamos dando um retorno para a sociedade também.
Fonte: Exclusivo GMB