MAR 15 DE OCTUBRE DE 2024 - 14:24hs.
Leonardo Baptista, CEO da Pay4Fun

“Falar em pagamento de apostas via cartão de crédito ou jogo fiado é ignorância ou para confundir”

Diante de tantas mazelas sendo atribuídas ao setor de iGaming, Leonardo Baptista, CEO da Pay4Fun, concedeu entrevista exclusiva ao GMB. Nela apontou que jogo fiado ou pagamento de apostas com cartão de crédito, assim como queda no comércio devido às bets, é discurso “para confundir ou tumultuar”. Segundo ele, atualmente mais de 95% das transações são feitas por Pix, então falar sem conhecimento de causa “é ignorância”, sentenciou.

 

Games Magazine Brasil – Muita gente tem dito que aposta não pode ser feita com cartão de crédito ou fiado. A sociedade não consegue entender que isso já não acontece no segmento de iGaming no Brasil?
Leonardo Baptista –
Acho que o problema não é a sociedade. O problema é a falta de educação de quem tem poder para falar com ela. Então, eu não sei se por interesses ou não, mas existem declarações que são completamente contraditórias com relação ao nosso setor. Por exemplo, falar sobre aposta com cartão de crédito... Cartão de crédito não se usa no nosso setor há anos, primeiro porque nunca foi permitido pela falta de regulamentação do setor. O próprio cartão de crédito não passava a transação, que é codificada como aposta no Brasil. Já começa por aí. Visa, Mastercard não processam.

E para aqueles métodos de pagamento que davam alguma voltinha ou davam algum jeito para processar cartão, passava como e-commerce ou alguma coisa do tipo, isso acabou. Com a chegada do Pix, mais de 96% das transações do nosso mercado atualmente são por este meio. Cartão de crédito, é zero. Hoje temos Pix, transferência bancária e ainda um mínimo de boleto bancário, que também foi proibido na Lei 14.790 e na Portaria de Pagamento 614. Então, esse tipo de declaração veio para confundir ou para tumultuar. Ou é por ignorância.

 



Vemos declarações da Federação dos Bancos dizendo que vão ficar atentos, do comércio colocando a culpa no iGaming pela diminuição de vendas. Isso é uma tremenda bobagem?
O jogo está aí desde que o mundo é mundo. A gente sabe disso. Então, nós sabemos que o jogo existe e a ideia não é proibir. Quanto mais você proíbe, mais você traz o mercado irregular. Então, você vê atitudes de alguns políticos e instituições falando: "Vamos cassar a regulamentação do jogo, vamos proibir as apostas no Brasil".

A proibição é burra, vamos deixar claro. É jogar para debaixo do tapete o que está escancarado. O jogador que já aposta, é quem está correndo o risco de apostar em sites ilegais ou com matemática irregular. Tudo isso a regulamentação e a lei resolvem. Então, tem de trazer para a lei, via regulamentação, e não para a proibição. O movimento de bater nas apostas como estão é burro, é frágil, é estúpido e não para em pé.

O setor já defendia, muito antes da regulamentação e das portarias, o jogo responsável. Isso deixa claro que a atividade quer cuidar do apostador?
É isso. A regulamentação precisa vir para evitar, por exemplo, o que acontece em todo o setor financeiro. Você concorda comigo que é um absurdo, por exemplo, um grande banco colocar taxa de juros a mais de 200% no cheque especial do correntista? Isso pode. Então, é assim, são dois pesos e duas medidas.

A regulamentação é importante para evitar, por exemplo, que sites ilegais ofereçam jogo manipulado ou para que influencers digitais – que a gente tem de pegar a cabeça desses caras e dar na parede –, falar em garantia de prêmio e de dinheiro ou dizer ‘jogue, aposte e garanta uma renda extra’. Esses caras têm de ser apedrejados em praça pública. Aí vem a regulamentação. É para isso que serve a regulamentação. A ideia de novo é a ignorância ou a falta de educação, mas proibição não é solução para ninguém.

O operador nunca ofereceu ganhos excepcionais, não é verdade?
Não é esse o ponto nem é esse objetivo. Vale lembrar que o objetivo é o entretenimento, a diversão. Do mesmo jeito que uma pessoa sai de casa e vai ao cinema, ela gasta e investe em troca de entretenimento. O jogo, a aposta, é exatamente a mesma coisa.

 



Ou seja, ‘pague para se divertir’. E por falar nisso, como vai a Pay4Fun e quais os planos para o Brasil regulamentado?
E estamos muito satisfeitos com tudo que está acontecendo. É importante lembrar que a Pay4Fun, desde que foi fundada em 2017, segue todas as regras. Em 2022, nós fomos a primeira instituição de pagamento autorizada e regulada pelo Banco Central do Brasil a operar nesse mercado. Então, Pay4Fun tá superfeliz com tudo o que está acontecendo, acompanhando e ajudando na regulamentação.

Estamos esperando ansiosamente o dia 1º de janeiro para começar esse mercado regulado brasileiro, uma ordem natural das coisas. O mercado vai se concentrar nas casas que aplicaram para a licença, o que é excelente, porque a gente vai realmente separar agora o joio do trigo, tanto dos operadores e desses que fazem mal e querem fazer mal.

Da mesma maneira os métodos de pagamento que operam de maneira irregular, ilegal, não têm nenhum tipo de prevenção à lavagem de dinheiro. Agora, a partir de 1º de janeiro, a regra muda.

Fonte: Exclusivo GMB