Em quatro episódios, a série original do Canal Brasil vai mostrar como a contravenção se inseriu na cultura popular do Rio de Janeiro, sendo tema de músicas, novelas e filmes, além de estar presente no futebol e no carnaval.
As filmagens começaram neste mês e mais de 15 entrevistados já foram ouvidos, incluindo historiadores, jornalistas, pesquisadores e especialistas no assunto. O ex-procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro Antonio Carlos Biscaia, o deputado federal Marcelo Freixo, o carnavalesco Milton Cunha e o historiador e escritor Luiz Antonio Simas estão entre os nomes.
Quase 130 anos
O jogo do bicho foi criado em 1892 pelo barão João Batista Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. Para aumentar a frequência popular ao zoológico, o barão decidiu estipular um prêmio em dinheiro ao portador do bilhete de entrada que tivesse a figura do animal do dia, o qual era escolhido entre os 25 animais do zoológico e passava o dia inteiro encoberto com um pano. O pano somente era retirado no final do dia, revelando o animal do dia. Posteriormente, os animais foram associados a séries numéricas da loteria e o jogo passou a ser praticado largamente fora do zoológico.
O jogo do bicho é semelhante a uma loteria, mas com algumas diferenças: uma delas é que o jogador pode apostar qualquer valor. Quanto maior o valor apostado em uma sequência numérica (milhar, centena, dezena etc.), maior será o prêmio em caso de acerto. Com essa flexibilidade de apostas, o jogador é livre para escolher pelo menor valor possível o seu número da sorte nas 10 000 chances disponíveis em cada sorteio.
Mesmo depois de quase 130 anos, o jogo do bicho continua à margem da lei e discute-se, no Congresso Nacional, projetos para a regulamentação do jogo de azar no Brasil. O PLS 186/14 prevê a regulamentação do jogo do bicho, além de bingos e cassinos. Já foi aprovado nas comissões e está pronto para votação em plenário.
Além disso, no âmbito do Supremo Tribunal Federal está pendente de pauta a votação do Recurso Extraordinário 966177, que discute a recepção ou não na Constituição da Lei de Contravenções Penais, que poderia descriminalizar os jogos de azar no país. Previsto para ir a votação em abril, o RE 966177 foi tirado de pauta pelo Ministro Presidente, Luiz Fux. Esperava-se que entrasse na pauta para o segundo semestre, mas no final de junho foi divulgada a pauta de julgamentos para o período e o RE não foi contemplado.
Fonte: GMB / Blog Ancelmo Gois
