"Acordo não tem, mas tem muita conversa", disse Arthur Lira na quarta-feira (15). Na segunda (13), o presidente da Câmara tentou colocar o projeto em votação, mas houve resistência dos evangélicos. "A tese não tem posição fechada, de apoio ou contra, mas está consensuado com os líderes de discutir e trabalhar esse assunto", afirmou Lira. "Há a possibilidade, proposta pela oposição, que é abrir a discussão, ajustar o texto, encerrar a discussão e fazer a votação no ano que vem."
A proposta é um relatório de Felipe Carreras com base em um projeto de 1991 e uma série de outras propostas apresentadas nos últimos 30 anos. Depois da análise de um grupo de trabalho, ele fez um texto que legaliza cassinos, máquinas de jogos, bingos, videobingos, jogos online e apostas de turfe (em corridas de cavalos). O documento retira o jogo do bicho da condição de contravenção penal. As loterias continuariam sob responsabilidade do governo federal.
Jogos movimentam R$ 27 bilhões, diz relator
A reportagem obteve a versão final do relatório de Felipe Carreras. Nele, o deputado destacou que os jogos ilegais movimentam R$ 27 bilhões, de acordo com estimativa feita por um colega dele, o deputado Victório Galli, em 2018. Como apontado no relatório final entregue, esse valor "supera em quase 60% os oficiais, que geram R$ 17,1 bilhões".
Oposição vê "gravidade" e possível lavagem
O líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), do mesmo partido do relator do projeto, é contra a proposta. Ele acredita que a legalização dos jogos não passa no plenário, começando pelo fato de a análise de um "tema dessa gravidade" ser feita às pressas. "Não tem clima para votar isso", afirmou Molon na quarta-feira (15), no salão verde da Câmara.
"As consequências do jogo não são banais. Essa ideia de que gera emprego e arrecadação é falsa. Esse dinheiro que vai pro jogo, quando você legaliza, poderia ir para atividades produtivas. O que se produz com o jogo, em termos de riqueza?", comentou Molon.
O deputado Lincoln Portela (PL-MG) diz que há força na bancada evangélica para obstruir as votações. Mas, ainda que a urgência seja aprovada, ele não acredita que a legalização seja aprovada, justamente por causa das frentes parlamentes religiosas.
Já discutimos 30 anos, diz líder
O líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), discorda dos colegas. Para ele, há clima para votação da legalização dos jogos. Além disso, o debate já é feito há 30 anos. "Eu acho que dá para aprovar a urgência", disse Motta ao UOL. "Está conversado. Faz 30 anos que está sendo discutido. “Se não discutir agora, vai discutir quando? Vamos votar. Se for para perder", explicou Motta, deputado.
O deputado Lafayette Andrada (Republicanos-MG) também vê clima para aprovação. "Hoje, existe um entendimento da necessidade da legalização dos jogos de azar na Casa", afirmou ele. Para o parlamentar, apesar de possível obstrução, existem votos suficientes para aprovar.
Fonte: UOL