JUE 28 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 23:47hs.
Apresentada pelo advogado Ricardo de Paula Feijó

Programa de Pós-Gradução da UFPR aprova dissertação sobre Regulação dos Jogos no Brasil

Ricardo de Paula Feijó, advogado do escritório Vernalha Pereira, fez uma dissertação de mestrado na Universidade Federal do Paraná (UFPR) sobre a Regulação dos Jogos de azar no Brasil. A mesma foi aprovada e será publicada em breve. Antecipando, De Paula Feijó escreveu um breve artigo sobre o tema para o GMB: “Muito mais do que proibir um setor capaz de trazer grande desenvolvimento ao país, pode-se utilizar instrumentos eficazes que permitem a exploração dos jogos”.

A aprovação das apostas esportivas em 2018, a recente decisão do STF sobre a competência concorrente dos Estados para explorar loterias e os diversos projetos de lei em trâmite no Congresso Nacional para liberar os jogos de azar tornam essencial a discussão sobre quais as melhores formas de regular os jogos de azar no Brasil.

Nesse contexto, a pesquisa das principais jurisdições em que os jogos de azar são liberados, como o Estado de Nevada, Macau, Portugal, Peru, Chile, entre outros, contribui significativamente para pensarmos nas melhores soluções para o Brasil nessa seara.

A partir da leitura dos sistemas desses países, identificamos que a regulação dos jogos de azar no Brasil deve ser realizada de forma a propiciar maior liberdade e competitividade para as empresas operadoras de jogos. Assim, melhor seria se as atividades deixassem de ser consideradas como serviço público para passar à exploração da livre iniciativa.

No entanto, ainda que se mantenha a qualificação de serviço público, é possível o legislador e o executivo adotarem diversas medidas para tornar esse regime mais compatível com a realidade da indústria de jogos. 

Uma alternativa é a hipótese de se realizar concessões de serviço público sem exclusividade e sem limite de operadores, o que tornaria inexigível a licitação. Com isso, poderíamos realizar um processo de licenciamento com foco no atendimento de requisitos obrigatórios para garantir a idoneidade do operador e sua capacidade técnica e financeira.

Quanto à regulação em si, o seu sucesso depende muito da instituição de uma agência reguladora independente, dotada de autonomia financeira e, administrativa. Trata-se de medida imprescindível para permitir que sejam tomadas decisões baseadas em estudos e critérios preponderantemente técnicos. 

Não há dúvidas de que uma regulação que não garanta previsibilidade e segurança jurídica aos usuários aumentará o custo dos serviços e dificultará os investimentos em nosso país.

Por fim, a liberação e a exploração dos jogos de azar devem ser acompanhadas da instituição de uma política pública de jogo responsável, com a adoção das melhores práticas internacionais. Com isso, previne-se e mitiga-se os alegados problemas e custos sociais decorrentes da liberação da atividade. 

Muito mais do que simplesmente proibir um setor capaz de trazer muitos investimentos e grande desenvolvimento ao país, pode-se utilizar de instrumentos mais eficazes que permitem a exploração dos jogos de azar.

Esses são alguns dos temas tratados na dissertação de mestrado recentemente aprovada pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná a respeito da regulação dos jogos de azar, com a qual se espera contribuir para o debate atual. 

 

Ricardo de Paula Feijó
Mestre em direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná. Advogado do Vernalha Pereira Advogados.