A mensagem de Bolsonaro chegou aos parlamentares ainda de madrugada. “Atenção! O item número 2 da pauta de hoje será a legalização dos jogos de azar. Peço o voto contra tal projeto. Obrigado. Presidente Jair Bolsonaro”, diz o texto, enviado pelo celular pessoal do presidente para alguns de seus aliados – nem todos consultados pelo Valor receberam.
O projeto enfrenta resistências da bancada evangélica, principal base eleitoral do presidente, e também dos católicos. A pauta é encampada, por outro lado, por alguns de seus principais ministros, como o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, é outro entusiasta da ideia.
O partido de Bolsonaro deve votar a favor do projeto, segundo o líder do PL na Câmara, deputado Altineu Cortês (RJ). “A maioria dos deputados do partido é a favor do projeto, com exceção dos evangélicos”, disse. “A posição do governo e pessoalmente do presidente é contra o projeto, mas vários deputados e partidos da base estão a favor”, justificou.
Segundo Côrtes, um dos motivos para o apoio é que o relator do projeto, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), acatou emenda sua para que 10% da arrecadação com a legalização dos jogos seja destinada para construção de moradias para famílias que hoje moram em áreas de risco, como as que morreram recentemente nos desabamentos em Petrópolis (RJ).
O PSL, onde está a maioria dos aliados "ideológicos" de Bolsonaro, também não deve ficar contra o projeto. O líder da sigla, deputado major Vitor Hugo (GO), pretende liberar a bancada, sem se posicionar contra nem a favor, por causa de divergências internas.
Já o PT, maior partido de oposição a Bolsonaro e seu principal adversário na eleição de outubro, declarou posição contrária ao projeto.
Fonte: Valor