A primeira edição do Brazil Oportunities Gaming E-Sports Casino (BOGEC) levou para o centro de convenções Frei Caneca, no âmbito da Expotel, um grupo de especialistas de alto nível do setor de jogos e apostas para apresentar ao trade turístico a importância do segmento para o impulso do turismo e atração de visitantes do exterior para o Brasil.
Ao abrir o evento, Bruno Omori, do IDT-Cema, apresentou os principais pontos do PL 442/91, que legaliza os jogos no Brasil e que a aprovação de cassinos irá impulsionar de forma inequívoca o setor de turismo no Brasil. “Grandes resorts integrados com cassinos, somados a cassinos turísticos e bingos, poderão atrair investimentos de bilhões de dólares, que irão beneficiar toda a sociedade brasileira. Além disso, poderão gerar mais de 10 milhões de empregos diretos e indiretos, desde a fase de projeto e construção, até o momento em que a atividade entrar em operação”. Segundo ele, mais de R$ 5 bilhões em impostos poderiam ser recolhidos aos cofres públicos.
Atividade com forte impacto econômico e social
Ao anunciar a deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP), Omori destacou o apoio recebido dela durante as discussões e votação do PL 442/91, aprovado na Câmara e que legaliza todas as modalidades de jogos no Brasil. “Apoiamos a proposta por identificar os benefícios que o setor pode oferecer não só ao setor de turismo, mas para toda a sociedade, que terá novas opções de entretenimento e o governo receberá tributos para aplicar em ações sociais”, disse a deputada.
Para ela, “não podemos fechar os olhos para os benefícios que uma nova atividade econômica pode gerar para todo o país, tanto na forma de novos empregos quanto na arrecadação de impostos”.
Renata Abreu completou dizendo que o turismo é uma das ferramentas para ajudar o Brasil a sair da crise econômica. “E não podemos dar ouvidos para aqueles que dizem que a adição ao jogo deve ser o motivo para não se aprovar a legalização dos cassinos. O projeto inclusive direciona recursos para atender àqueles que podem se viciar em jogo. Somente com a legalização essas pessoas poderão ser atendidas”, disse. Após sua apresentação, Renata Abreu foi agraciada com um diploma pela participação no BOGEC.
A Associação das Prefeituras das Cidades Estância do Estado de São Paulo também esteve representada pelo seu presidente, o prefeito de Morungaba (SP) Marco Antônio de Oliveira. “Os jogos de azar estão acontecendo na ilegalidade. Temos de trazê-los à legalidade e fazer disso fonte de geração de emprego e renda, assim como promover o desenvolvimento dos estados, municípios e, em última análise, do Brasil”, disse.
Brasil sempre é foco na ICE London
Liliana Costa, gerente para a América Latina da Clarion Events, organizadora da ICE London, afirmou que o Brasil está avançando na legalização dos jogos e isso é um grande avanço, já que é um dos poucos países do mundo que ainda não fazem parte desse fascinante mundo. “Os jogos são uma forte atividade econômica que merece ser incentivada pelos empregos que gera e pelos impostos que arrecada. O Brasil não pode fechar os olhos para esse setor e a cada edição da ICE London somos perguntados sobre o que está acontecendo no Brasil e porque o país ainda não regulamentou o jogo”, disse em sua participação remota.
Parceria com o turismo em produto inédito
Pela Betsul, patrocinadora oficial do BOGEC, falou Nelson Romanini, diretor de marketing da empresa, que destacou os avanços das apostas esportivas no Brasil. Para ele, "as plataformas estrangeiras chegaram ao Brasil e um dos bons exemplos é a Betsul, que atualmente apoia diversos clubes de futebol e sempre traz novidades para o mercado brasileiro”, comentou, acrescentando que está lançando, em parceria com o IDT-Cema, o Betsul Turismo, que vai levar aos hotéis do à rede hoteleira do Brasil uma ferramenta de afiliação para hotéis. “As apostas esportivas são uma realidade em todo o mundo e no Brasil vem conquistando cada dia mais usuários e isso nos leva a buscar sempre soluções adequadas para seguir oferecendo uma atividade focada na proteção ao jogador e na oferta de cada vez mais opções”, disse Romanini.
A parceria citada por Nelson Romanini foi assinada entre a Betsul e o IDT-CEMA e vai implementar um cartão a ser oferecido a todos os hóspedes de hotéis parceiros. Ao fazer o check in os clientes receberão um cartão que dará direito a apostas esportivas e o hotel parceiro será como um afiliado, tendo o cliente da casa de apostas ligado à sua carteira pelo período de um ano, nesta etapa inicial do projeto. Por enquanto, a Rede Accor firmou a parceria e três hotéis da bandeira passarão a oferecer apostas esportivas aos seus hóspedes.
Isso vai agregar receita aos hotéis e entretenimento para os hóspedes. Romanini comenta que mais de 50% da receita dos hotéis de Las Vegas é oriunda do jogo e no Brasil é possível oferecer à rede hoteleira uma fonte adicional de renda que irá garantir a continuidade da prestação de um ótimo serviço ao cliente.
Gene Chayevsky, CEO da empresa de consultoria KLW Capital, também de forma remota, destacou a grandiosidade do mercado brasileiro e o quanto ele desperta a atenção de grandes operadores internacionais. Em sua apresentação, falou sobre investimentos necessários para a implantação de cassinos em resorts, bingos e cassinos turísticos, destacando que caberá ao investidor, após a legalização dos jogos no Brasil, definir suas estratégias. “O Brasil tem toda a atenção do mercado internacional pela sua grandiosidade e se souber encaminhar bem a questão regulatória, receberá vultosas somas em investimentos”, disse.
O representante da Accor, Carlos Bernardo, saudou a nova parceria e comentou que em função da pandemia, uma grande parte dos hotéis do Brasil estão ociosas e poderiam ser utilizadas para outras atividades, como o jogo. “Ao fechar uma parceria com uma casa de apostas, estamos dando os primeiros passos nesse sentido. Além disso, poderíamos, se a lei assim o permitir, aproveitar essas áreas para a implantação de atividades de jogos”, comentou.
Torre Eiffel x Brasil
O advogado Luiz Felipe Maia, do escritório Maia & Yoshiyasu, participou remotamente do evento e deu seu depoimento sobre o setor de jogos no Brasil e os rumos que, na sua avaliação a atividade deveria seguir. “Conversando sobre a regulamentação dos jogos no Brasil com um grande operador europeu, tive um misto de vergonha e indignação quando ele me disse que a Torre Eiffel recebe mais de 7 milhões de turistas do exterior por ano, o mesmo número que vemos no Brasil. Os cassinos podem e devem ser utilizados como uma ferramenta de atração de turistas e estamos perdendo essa oportunidade”.
Na sua avaliação, o PL 442/91 não é tão adequado quanto a indústria analisa. Para ele, há discrepância entre o valor exigido para a implantação de um resort em cassino integrado em comparação com a instalação de um bingo. “Ao iniciar a operação de um bingo no Brasil, pelo projeto, o investidor terá à sua disposição até 400 máquinas. Na minha avaliação, isso irá afastar possíveis cassinos em resorts, já que terão uma concorrência de um operador de bingo que pagará muito menos do que o grande investidor em um cassino integrado a resort”, disse.
Turismo, hotelaria e operadores devem se unir
Uma das intervenções mais incisivas foi de Carlos Cardama, CEO do Games Magazine Brasil. “Não adianta mais falarmos em empregos e impostos, já que todos sabem que o setor de jogos é altamente contribuinte nessa oferta. Temos de reforçar junto aos setores de turismo, de hotelaria e de jogos, que eles precisam atuar conjuntamente para que uma lei do jogo seja aprovada no Brasil”.
Para ele, que apresentou aos participantes do BOGEC sua experiência internacional na área de jogos, o Brasil está diante de uma oportunidade única para oferecer uma atividade limpa, moderna e altamente contribuinte para o desenvolvimento econômico, “mas isso dependerá da união de todos vocês para que o Brasil aprove os jogos no país. Sem essa união, nenhum dos três setores será ouvido de forma a que os poderes Legislativo e Executivo percebam a grande oportunidade que está batendo à porta do Brasil”, disse.
“Temos tantos lugares no Brasil para a instalação de ofertas de jogos e continuamos achando que não há condições de fiscalizar. Nada disso. Somos extremamente competentes nesse sentido e deveríamos aproveitar os mais de 8 mil quilômetros de praias e as outras tantas riquezas naturais e passar a explorar os jogos. Vemos, hoje, países em todo o mundo com essa indústria crescendo e o exemplo mais recente é a Venezuela, que passa por grave crise econômica e política e que está retomando a operação de cassinos, enquanto o Brasil perde tempo e não aprova de uma vez por todas a atividade”, afirmou.
Para Cardama, não se pode ignorar Las Vegas e Macau, como os grandes centros de jogos no mundo, “mas temos de nos dar a chance de não perder a oportunidade de gerar empregos para mais de 700 mil pessoas. São tantas famílias que passam fome e precisam de um trabalho digno. A palavra dignidade é impactante no ser humano e devemos pensar nisso ao discutir a aprovação de um marco regulatório dos jogos no Brasil”, decretou.
“Separadamente somos muito fracos, mas se unirmos o setor de turismo com a área hoteleira e operadores de jogos, chegaremos a um bom termo e os cassinos, bingos e outras verticais serão aprovadas em benefício de toda a sociedade”, finalizou Carlos Cardama em sua apresentação.
Formação de profissionais para jogos
Outros temas foram abordados no BOGEC, como a representação de trabalhadores na área de jogos, o fortalecimento dos municípios para conquistar avanços na área de investimentos regionais, formação de profissionais para atuar em uma futura atividade de jogos regulamentada e visão de futuro, já que poucos estão preparados para a abertura dos jogos no Brasil.
Nesse sentido, José de Oliveira Jr, operador hoteleiro de Gramado/RS com mais de 40 estabelecimentos em operação, afirmou que “hoje temos 16 empreendimentos prontos para receber cassinos, já que não paramos no tempo, focando no futuro da operação de hotéis com novas ofertas de entretenimento aos nossos clientes”, explicou.
Fonte: GMB