“Deu ruim na edição da Medida Provisória que o governo editaria na semana passada para regulamentar o setor de apostas feitas por meio digital — e que o obrigaria a pagar impostos”, abre a coluna de Lauro Jardim.
Segundo ele, depois de uma costura feita por Ciro Nogueira com líderes evangélicos para explicar o teor da MP, ou seja, que essa medida não significa a legalização dos jogos de azar, Jair Bolsonaro travou o envio da proposta ao Congresso.
A iminente regulamentação das apostas esportivas continua no foco do setor, mas a defesa do tema de costumes continua se superando e dominando a cena política em Brasília, a ponto de colocar o presidente Jair Bolsonaro como refém do bloco evangélico do Congresso Nacional.
A minuta do decreto presidencial que regulamenta as apostas esportivas no Brasil divulgada pelo GMB ainda é a única sinalização de que o setor poderia ser implementado de imediato para o país passar a receber os impostos sobre a atividade.
Mas a agenda eleitoral, como sempre acontece no Brasil, é o farol que está norteando o vai e vem da regulamentação. Em 2 de outubro acontecerá a eleição para presidente, governadores de estados, deputados e senadores. Se o candidato a presidente não alcançar 50% de votos mais um, acontecerá o segundo turno, em 30 de outubro.
O presidente, candidato à reeleição, está se sentindo cada vez mais pressionado pelas pesquisas eleitorais. O principal candidato de oposição, Luís Inácio Lula da Silva, aparece em primeiro em todas as pesquisas e pode até vencer no primeiro turno. Na mais recente pesquisa, divulgada nesta quarta-feira, aponta Lula com 52,87%.
Como Bolsonaro tem forte apoio na parte mais conservadora da população, está reafirmando suas posições em relação aos costumes, contra os jogos e contra a comunidade LGBTQIA+.
Com isso, a bancada evangélica ainda o apoia e por isso ele tem de seguir a cartilha do que determina essa parcela de parlamentares. Até o momento em que mesmo eles decolarão para o apoio ao candidato da oposição para tentar garantir cargos no futuro governo.
Fonte: GMB / Lauro Jardim/O Globo