Games Magazine Brasil - Você foi nomeado recentemente para a presidência da Loterias CAIXA. Após sua saída da SEAE, sente que isto é um reconhecimento de sua competência técnica e trajetória?
Waldir Eustaquio Marques Jr. - É difícil falar sobre essa perspectiva, mas o que posso afirmar é que esta oportunidade profissional na CAIXA está sendo uma honra, permitindo que eu possa seguir contribuindo com o setor nacional de loterias com o mesmo norte que tenho perseguido ao longo da minha trajetória profissional: o espírito público, de dever para com o país e de servir vocacionado a esse setor que continuamente me faz atuar de maneira entusiasmada e em busca de alcançar as inúmeras oportunidades que se vislumbra, considerando-se o potencial existente no Brasil.
Quais são os seus principais planos à frente do negócio da Loterias CAIXA? A área precisa de um processo de modernização?
Destaco que passei a integrar a subsidiária integral, CAIXA Loterias S.A., onde, na condição de Diretor-Presidente, busco agregar minha experiência aos trabalhos que encontrei já planejados e estruturados para modernização das operações de loterias, jogos e apostas.
Mas esse é um trabalho conjunto, que permeia as diversas instâncias executivas da empresa, que vão desde a Vice-Presidência do Agente Operador, que hoje detém o mandato para a gestão das loterias federais, passa pela Vice-Presidência de Rede, que atua na gestão da nossa rede de unidades lotéricas, e se estende até diversas outras unidades da CAIXA que, em conjunto, atuam de maneira integrada para sustentar o negócio de loterias com a credibilidade e a relevância dentro dos negócios desta empresa pública, como vem sendo feito há mais de 60 anos.
Poucas pessoas como você conhecem e têm tanta relação com as empresas internacionais, o mercado de loterias e o jogo em geral. É o momento para a CAIXA se abrir para elas e convocá-las para novos negócios ou serviços?
Inegavelmente, enquanto atuei na regulação de loterias nos últimos anos, busquei sempre estar alinhado às melhores práticas internacionais, às ações de modernização e às iniciativas de sucesso nos grandes mercados mundiais de loterias. Nesse sentido, o que posso compartilhar neste momento é que seguirei com iniciativas dessa natureza em meu radar estratégico para que posso contribuir, positivamente, a tudo que já está em planejamento e em estruturação para o negócio loterias na CAIXA.
O STF acabou com o monopólio da CEF sobre a operação de loterias no ano passado. Desde então, estados e até municípios começaram a projetar seus negócios com modalidades locais. Quando estejam implementadas essas loterias locais, acredita que a arrecadação da CAIXA cairá e pensa evitar esses efeitos não desejados para o seu negócio?
Sobre esse ponto, é necessário que se faça um esclarecimento: o referido “monopólio” da CAIXA em relação a loterias diz respeito à exclusividade da operação das loterias federais, em todo território nacional, como prevê a legislação vigente. Dessa forma, mesmo com os termos do Decreto-Lei 204/1967, a operação das loterias federais sempre conviveram com a “concorrência” das loterias em alguns estados, com experiências significativas e efetivas de comercialização de diversos produtos lotéricos, como se vê atualmente nas Loterias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, por exemplo, e num passado não tão distante, nas Loterias de São Paulo e do Rio Grande do Sul.
Independentemente do cenário futuro, minha visão pessoal é que conforme as operações estaduais forem ampliadas, o cenário concorrencial trará novos desafios para a CAIXA, sem dúvida, mas estamos preparados e prontos para atuar nessa nova arena competitiva.
Até agora na prática pouca coisa mudou, pois as loterias estaduais existentes ainda não lançaram novos produtos e os estados que buscam implantar suas operações locais ainda não finalizaram os processos. O que está acontecendo?
Não há qualquer opinião que possamos emitir quanto a esse ponto, uma vez que a autonomia para estruturar e implementar as operações estaduais é algo discricionário dos governos estaduais.
O que esperar das apostas esportivas regulamentadas e como a Loterias CAIXA está se preparando para essa nova realidade? Há poucos dias você teve uma roda de conversa com sua equipe sobre apostas esportivas. Vocês irão operar a atividade uma vez regulada?
É inegável que as Apostas de Quota Fixa, na condição de loteria e serviço público da União, o que estabelece uma correlação direta com as loterias federais, mostra-se uma oportunidade de atuação para a nossa empresa.
Contudo, é prematuro adiantar qualquer movimentação ou ação mais efetiva da CAIXA nessas loterias, uma vez que a modalidade criada pela Lei nº 13.756/2018 ainda carece de regulamentação. Dessa forma, resta-nos aguardar os desdobramentos dessa regulamentação para que se possa avaliar ou emitir qualquer posicionamento quanto à atuação da CAIXA nesse novo negócio lotérico.
Como a CAIXA Loterias vê a possível aprovação do projeto de lei 442/1991 que legaliza todos os jogos de azar no país? Uma abertura tão ampla do jogo no Brasil, que inclui também o jogo do bicho, como imagina que isso afetará o negócio da CAIXA Loterias?
Não nos cabe qualquer manifestação sobre as matérias que estão em tramitação no Congresso Nacional, ainda mais acerca desse tema que, por sua natureza, possui nas Casas Legislativas a legitima arena para discussão e deliberação sobre esse tema.
Fonte: Exclusivo GMB