Amilton Noble, CEO da Hebara, operador lotérico com quase 30 anos de atuação no mercado brasileiro, acompanhou os painéis que trataram do tema durante o BiS e saiu do evento satisfeito com as discussões qualificadas que aconteceram. “O país está em um momento muito diferente do que a gente via nos anos passados. A evolução do mercado lotérico, principalmente com a decisão do STF nas ADPFs 492 e 493, mostram claramente que é um mercado extremamente promissor e que certamente nos próximos anos nós teremos loterias estaduais em todos os vinte e seis estados e no Distrito Federal”, disse com exclusividade ao GMB.
Ele concordou que o Brasil é muito pobre na questão da inovação lotérica, mas admitiu que a revolução, com o fim do monopólio da União para a exploração de loterias determinado pelo Supremo Tribunal Federal, veio para ficar.
“Hoje não se fala de projetos futuros de loteria com produtos tradicionais. A gente teve muita experiência por vários anos operando produtos físicos de loteria em função das restrições legais. A insegurança jurídica era muito forte e os prazos contratuais, muito pequenos. Então, efetivamente, não tínhamos a capacidade de fazer um planejamento de longo para recuperar investimentos pesados. Com a decisão do Supremo, todas as iniciativas que vemos tratam a possibilidade da modernização dos produtos. Com isso certamente nós teremos outro cenário lotérico daqui para frente”, analisou.
Amilton Noble admitiu também que a demora para o início de operação das primeiras loterias estaduais é do próprio setor. “Ficamos durante muitos anos com as restrições legais. Já teve a decisão do Supremo e, fazendo um 'mea culpa', acho que nem as empresas, nem os entes concedentes, se prepararam para este momento”.
Otimista, ele disse que “daqui a pouco a coisa vai engrenar. Nós teremos um estado atrás do outro implementando suas loterias, com disputas saudáveis entre empresas nacionais, internacionais e é para isso que brigamos. Lutamos por um mercado transparente, justo, sólido em que ganhe as licitações quem for melhor, implemente as loterias estaduais e tragam um bom nível de geração de receita para todos os governos estaduais”.
Com relação à operação de apostas esportivas por parte das futuras loterias estaduais a serem criadas e pelas já existentes, Amilton afirmou que “na minha percepção esse é um pecado que as loterias estaduais estão cometendo porque, obviamente, quando tiver a regulamentação federal, os grandes players que puderem se enquadrar na legislação vão dar prioridade para ter as suas operações nacionais”.
Para ele, os players médios que não consigam, por questões financeiras ou quaisquer outras, terem a sua operação nacional, terão as loterias estaduais como uma forma de manter a sua atividade. “Então, é salutar; uma ação complementar”.
De acordo com o executivo, se os estados, e principalmente, os maiores, tivessem saído na frente, certamente também teriam atraído grandes players para esse mercado estadual com o receio de que eventualmente postergasse demais a regulamentação federal. “Então, eu acho que o grande ganho dos estados seria sair na frente da regulamentação federal com relação às apostas esportivas”, concluiu.
Fonte: Exclusivo GMB