MAR 26 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 15:24hs.
Jodismar Amaro, presidente da Febralot

“Rede lotérica quer operar online e oferecer apostas esportivas via internet e em lojas físicas”

A Febralot - Federação Brasileira das Empresas Lotéricas é composta de 13 mil pontos espalhados em 99% do território nacional e, além da venda de loterias da Caixa, atende a população na área de benefícios sociais. Agora, a entidade trabalha para que a rede passe a operar online e pretende que seja permitida a oferta de apostas lotéricas pela internet e nas lojas físicas. Para falar sobre isso, o GMB entrevistou com exclusividade seu presidente, Jodismar Amaro.

A rede lotérica brasileira é uma das maiores do mundo – a maior, segundo o presidente da Febralot - Federação Brasileira das Empresas Lotéricas, Jodismar Amaro – e compõe-se de cerca de 13 mil pontos de venda de loterias da Caixa Econômica Federal.

Além da venda de loterias, a rede atende a população em todos os benefícios sociais do governo e cobre mais de 99% do território nacional, inclusive em comunidades indígenas e ribeirinhos.

Com tal capilaridade, a Febralot se coloca como um importante player nacional na operação de produtos lotéricos e hoje está restrita aos jogos oferecidos pela Caixa e somente em lojas físicas.

Agora, a entidade está trabalhando para que a rede passe a oferecer também apostas online. “Isso precisa ser feito de qualquer maneira. Ninguém escapa do progresso. Precisamos incluir a rede ao mundo virtual de uma maneira cautelosa e progressiva, para que não cause traumas e que o online se some aos serviços que já temos hoje”, diz Jodismar Amaro.

E não é só nisso que a Febralot vem trabalhando. A entidade espera o avanço da implantação das loterias estaduais e aguarda estudos e conversas que a Caixa vem tendo com possíveis player nos estados para que a rede atenda também a esse novo negócio.

Outro ponto no horizonte que está no radar da Febralot são as apostas esportivas, em vias de serem regulamentadas no Brasil. Jodismar Amaro tem dito que a entidade está buscando formas de participar deste novo momento do setor e reafirmou ao GMB que “estamos nos preparando com assessoria especial para inserirmos a rede lotérica nesse contexto. Além do trabalho da Caixa, existe outro sendo feito pela Federação, que ainda não posso dar muitos detalhes”.

A ideia é, com a saída da Medida Provisória, tentar, no Congresso Nacional, uma emenda à proposta para que a rede lotérica também seja contemplada na operação das apostas de quota fixa.

Jodismar Amaro aproveitou o momento da entrevista exclusiva ao GMB para mandar um recado à presidente da Caixa, Rita Serrano: “Que ela olhe atentamente para a rede lotérica. É a maior rede do mundo na prestação de serviços sociais. Precisamos de uma vice-presidência de loterias, com equipe técnica dedicada, e competência para trazer novos produtos e serviços. E precisamos de uma reformulação na área de T.I. Presidente Rita Serrano, foque na T.I. da Caixa para que ela atenda melhor a rede lotérica”.

Games Magazine Brasil - Antes de mais nada, gostaríamos que você nos contasse como foi o desempenho do mercado lotérico em 2022.
Jodismar Amaro -
O mercado brasileiro de loterias vinculadas à Caixa Econômica Federal teve um crescimento de aproximadamente 25%. No total foi bom, mas ficamos na dependência de grandes acumuladas, de uma Mega-Sena excepcional e do aumento dos jogos online, o que nos causa uma certa preocupação por estarmos fora desse mercado.

Qual é o tamanho atual da rede lotérica e a cobertura no Brasil?
Acredito que seja a maior rede prestadora de serviços do mundo. Atuamos com aproximadamente 13 mil pontos físicos, cobrindo mais de 99% do território nacional. Estamos em todas as regiões do Brasil e atendendo [inclusive] aldeias indígenas e populações ribeirinhas. Todo serviço social é prestado pela rede lotérica.

Ou seja, além da venda de produtos lotéricos, vocês têm uma função social, já que a Caixa, por intermédio de vocês, disponibiliza uma série de serviços prestados justamente pela rede lotérica.
Atendemos toda a população, principalmente a desbancarizada, que não tem acesso à internet ou aos bancos convencionais. Essa parcela da população é atendida em todo o Brasil pela rede lotérica e temos muito orgulho em prestar esse serviço social.

A Febralot já realizou uma reunião com a Caixa neste ano. Quais são as metas de vocês para 2023 e quais demandas foram apresentadas?
Temos algumas prioridades, entre elas o aumento do valor das apostas, já que as loterias estão há 4 anos sem aumento e é necessária uma reposição. Talvez não consigamos aumentar todas, mas está na mira da Federação e da Caixa reajustar a Lotofácil e a Quina. Temos também a inclusão da rede lotérica no online. Isso precisa ser feito de qualquer maneira. Ninguém escapa do progresso. Precisamos incluir a rede ao mundo virtual de uma maneira cautelosa e progressiva, para que não cause traumas e que o online se some aos serviços que já temos hoje.

Além disso firmamos nosso compromisso com a rede de trazer a estabilidade jurídica por meio da PEC 43 (proposta que prorroga o prazo de vigência de contratos dos agentes lotéricos com a Caixa), que está no Senado e tentar oferecer paz e tranquilidade à categoria com a mudança na Constituição. Esse é nosso objetivo maior neste ano.

Há um grande crescimento da oferta online de produtos lotéricos competindo com a rede oficial da Caixa. Como você vê isso e já sabemos da intenção da rede em entrar nesse mercado?
Não enxergo outros jogos no Brasil sem a participação da rede lotérica. Qualquer tentativa no mercado de implantar jogo físico sem a participação da rede lotérica já estruturada acredito que será um fracasso. Também pretendemos entrar nos jogos online e participar das apostas esportivas, lotex e o que aparecer. Vamos lutar para que a rede seja inserida. Mas nos jogos físicos principalmente não vejo condições de o mercado trabalhar sem a participação da rede lotérica.

A Caixa já está atenta a essa demanda de vocês e buscando soluções?
Temos reuniões frequentes com a Caixa e esse é um dos assuntos principais. Segundo a Caixa, ela está em tratativas com os governos estaduais que pretendem implementar suas loterias. É um projeto ainda embrionário, mas precisamos nos preparar para o futuro. E as apostas esportivas são muito interessantes paras nós e a Caixa deverá tentar uma parceria no mercado. Essas são as informações que temos. Ainda não estamos participando dessa interação, mas temos informações da própria Caixa de que eles estão trabalhando no projeto.

Sobre a oferta de loterias online, estabelecer um site de venda de produtos lotéricos não é nada difícil, mas como adequar as casas lotéricas, especialmente as menores a essa nova realidade?
Primeiro, como eu disse antes, tem de ser progressivo. Nossa rede é antiga e grande parte não está acostumada com a operação online. Então enxergo isso com a entrada gradativa, com muito treinamento e muita propaganda. A Caixa precisa investir muito em marketing, treinamento e disponibilizar um sistema, especialmente para os pequenos.

Qual é sua avaliação sobre o fim do monopólio de exploração de loterias por parte da Caixa? Como você vê a abertura de novas loterias estaduais?
Sou otimista por natureza, então qualquer projeto novo me agrada desde que trabalhado e lapidado envolvendo a rede. Sou a favor das loterias estaduais num trabalho conjunto da Caixa com os estados. Se não existir esse trabalho, a rede física estadual não prospera. A nossa rede, de 13 mil pontos, está estruturada e tem know how para entrar no dia seguinte, trabalhando e produzindo.

Inclusive em relação às apostas esportivas, como você comentou há pouco?
Também. Nos interessa muito essa operação.

Do ponto de vista de legislação, essas apostas são oferecidas apenas online e por parte de sites hospedados no exterior. Você acredita que no futuro a rede poderá oferecer também apostas em lojas físicas e não só pela internet?
Acredito. Para mim, o canal físico não morre nunca. É preciso trabalhar de forma híbrida, ligado ao online. Esse contato que a população tem com as casas lotéricas não vai diminuir nem acabar. Entendo que conseguiremos esse convênio e a rede trabalhe fisicamente com as apostas esportivas, além do online.

Como você disse, é um otimista. Espera para logo a regulamentação e o processo de integração da rede a esse novo mercado?
Acredito que a regulamentação sairá em abril por meio de Medida Provisória. Estamos nos preparando com assessoria especial para inserirmos a rede lotérica nesse contexto. Além do trabalho da Caixa, existe outro sendo feito pela Federação. Ainda não posso dar muitos detalhes pois é um assunto que interessa diretamente à Federação e à rede.

É um passo importante para o aumento da rentabilidade da rede e para disseminar ainda mais o trabalho que vocês desenvolvem!
A rentabilidade é fator fundamental, especialmente pelo online. Com a pandemia, perdemos muitos apostadores e muitos clientes de não jogo. Precisamos trazê-los de volta, assim como a nova geração, adepta da internet, para dentro do online das lojas. Vamos trabalhar forte neste sentido.

E esperar também a legalização de outras modalidades, como cassinos e jogo do bicho. O jogo do bicho concorre muito com os produtos oficiais?
Extraoficialmente, temos a informação de que são muito fortes. Estima-se que o jogo do bhico fatura metade da arrecadação da Caixa, mas está na casa de R$ 10 bilhões por ano.

Ou seja, se as casas lotéricas puderem oferecer também o jogo do bicho, será mais um ponto de crescimento para a rede.
A loteria não consegue sobreviver de um único produto. Precisamos trazer várias modalidades e tipos de serviços que preencham o espaço que está aberto. O Brasil é muito grande e não existe um produto que contemple a todos. Temos de trabalhar com um leque muito grande para que a rede seja beneficiada como um todo.

E em sintonia com a Caixa!
Sempre. Essa é a solução. Temos um contrato e somos permissionários. Não podemos fugir disso. A parceria com a Caixa tem de ser reforçada e melhorada. Esperamos que ela faça a parte dela, especialmente no tocante a melhorias na área tecnológica.

Algum recado final para a Caixa, nesse sentido?
Gostaria de passar um recado para Rita Serrano, presidente da Caixa. Que ela olhe atentamente para a rede lotérica. É a maior rede do mundo na prestação de serviços sociais. Executamos com excelência nosso trabalho, atendemos todos os cidadãos brasileiros, principalmente os desbancarizados. Hoje funcionamos como um apêndice da Caixa. Tem de ser dada uma função específica. Precisamos de uma vice-presidência de loterias. Hoje, é Fundos de Governo e Loterias, em que funcionamos como um apêndice. Precisa ser criada uma vice-presidência exclusiva de loterias, com equipe técnica dedicada, com competência para trazer novos produtos e serviços. E precisamos de uma reformulação na área de T.I. e peço isso encarecidamente à presidente Rita Serrano. Esse é o grande gargalo da rede lotérica. Estamos com inconsistências semanais e indisponibilidades. Só nos últimos dias tivemos duas vezes indisponibilidade na conexão-parceiro e não foi possível mandar relatório de carro-forte e isso vira um tumulto. Presidente Rita Serrano, foque na T.I. da Caixa para que ela atenda melhor a rede lotérica. Troque equipamentos, pessoal e busque inteligências novas e cabeças diferentes. Dê um jeito nessa solução que é o grande gargalo da rede lotérica neste momento.

Fonte: Exclusivo GMB