A decisão de reforçar a Loterias CAIXA foi tomada pelo Conselho de Administração do banco nesta última semana. A diretora-presidente da subsidiária, Lucíola Vasconcelos, contou que a raspadinha voltará em grande estilo e repaginada, com novas faixas de prêmios. Os detalhes do anúncio estão sendo fechados.
“Há uma grande expectativa em torno da raspadinha, uma das apostas mais populares do mundo” disse Lucíola.
Será possível raspar o bilhete de forma manual nas lotéricas, como no passado, e também de forma virtual, usando uma ferramenta do celular, que simula um dedo raspando a superfície.
Segundo técnicos a par das discussões, conforme publicado no O Globo, o bilhete vai custar entre R$ 2,50 e R$ 20. O prêmio será proporcional ao custo da aposta e vai variar entre R$ 2,50 e R$ 2 milhões. Pela legislação, prêmios acima de R$ 2.259 só podem ser resgatados nas agências da Caixa.
De jogo da velha a futebol
O bilhete ainda está sendo desenhado e vai conter temas variados, como jogo da velha, chance extra, datas comemorativas, jogos de tabuleiro e jogos de futebol, em cores vibrantes. A Caixa estuda realizar um evento para relançar a loteria, que será vendida na rede de 13,3 mil lotéricas em todo o país.
O segundo passo será a entrada da Loterias CAIXA no mercado de apostas esportivas, dominado por empresas internacionais e que começou a ser regulamentado no país. A estratégia da Caixa é adotar modelo vigente em Portugal e permitir que, além de apostas online, os apostadores possam arriscar seus palpites em pontos fixos, nas casas lotéricas.
Segundo Lucíola, as modalidades raspadinha e bets são as mais populares do mundo, respondendo por 48% da arrecadação com jogos. Para a diretora da Loterias CAIXA, há enorme potencial nesses dois nichos, considerando a baixa participação dos jogos no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de apenas 0,21%.
Com uma população de 215 milhões, o Brasil arrecada por ano R$ 18 bilhões com jogos, de acordo com pesquisa da Caixa. Com cerca de 10 milhões de habitantes, Portugal arrecada o mesmo com as apostas, que respondem por 1,17% do PIB, destacou Lucíola. No Uruguai, o percentual é de 0,39%, 0,46% na Argentina e 0,96% na Espanha.
Segundo pesquisas do banco, as bets movimentam no país entre R$ 40 bilhões e R$ 70 bilhões. Lucíola destaca que o jogo no Brasil tem função social relevante, pois 48% do valor arrecadado é direcionado a políticas sociais, como cultura, esportes e segurança pública.
Até 80 milhões de bilhetes
Com as tentativas frustradas dos governos do ex-presidente Michel Temer e Jair Bolsonaro de vender a Lotex (loteria instantânea, o nome formal da raspadinha), a Caixa ficou oito anos fora da modalidade e deixou de arrecadar R$ 8 bilhões nesse período. Eram comercializados entre 70 milhões e 80 milhões de bilhetes por ano.
A Caixa comercializou a raspadinha entre os anos 1960 e 2015, quando o modelo de apostas foi suspenso por determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), que contestou a legalidade da forma como vinha sendo feito no país.
Em 2018, mudanças legais permitiram que o serviço fosse repassado à iniciativa privada e retomado. Após realizar dois leilões que não atraíram interessados e de flexibilizar suas exigências iniciais, o governo federal conseguiu repassar a um consórcio o direito de explorar o serviço por 15 anos.
Contudo, a empresa desistiu após considerar que o serviço só seria viável se assinasse um contrato de distribuição com a Caixa, o que nunca ocorreu. A logística é importante porque o bilhete só pode ser validado no ponto de venda, para evitar o uso das raspadinhas obtidas num furto a um caminhão de distribuição, por exemplo.
Em agosto do ano passado, um decreto presidencial voltou a alterar a legislação a fim de permitir que o Ministério da Fazenda pudesse autorizar a Caixa a retomar o serviço.
Maior arrecadação
Em 2023, a Caixa arrecadou R$ 23,4 bilhões com as loterias. Com a volta da raspadinha, a Caixa estima um crescimento de pelo menos 20% na arrecadação com loterias.
Uma ala do PT, porém, é contrária à criação da subsidiária e ao direcionamento para a empresa, que é 100% estatal, de todos as loterias. O argumento é que esse braço da Caixa ficará pronto para ser privatizado em outros governos.
Fonte: O Globo