Games Magazine Brasil - Quais são seus objetivos ao se lançar candidato à presidência da Febralot?
Ricardo Amado Costa - A rede lotérica vive um momento de muita dúvida e insegurança. Nunca antes estivemos numa situação tão complicada. O monopólio da Caixa não existe mais e ela não tem demonstrado agilidade para competir em um mercado altamente concorrencial. Meu principal objetivo é fazer com que a rede lotérica retome a condição de maior e mais qualificada rede de comercialização de jogos e loterias do país, além, claro, do protagonismo na prestação de serviços, afinal metade da rede lotérica depende fundamentalmente do que chamamos de não jogos.
Vamos reaproximar a Febralot do empresário lotérico, pois existe uma urgente necessidade das empresas lotéricas contarem com ações mais contundentes e efetivas. Os meus 40 anos de loteria me capacitam para este grande desafio, tenho refletido muito sobre o que conheço de perto e isso me motivou a disputar a eleição mais importante da história da Febralot, pois os próximos quatro anos serão decisivos para o bem ou para o mal dos lotéricos. Me proponho a reinventar a federação com responsabilidade e o vigor necessário para sairmos da caótica situação na qual nos encontramos.
Tudo na vida pode melhorar e a Febralot com certeza vai. O desafio é grande e me motiva a lutar junto com meus companheiros para revertemos a preocupante situação da rede lotérica com muito trabalho, democracia, união e especialmente dedicação.
O atual modelo brasileiro está ultrapassado e a rede lotérica não se modernizou, perdendo espaço para o mundo online. Como revisar todo o ecossistema de loterias no país?
Na verdade, quem não se modernizou foi a Caixa. Corremos o risco de ser no futuro a escola de datilografia ou a videolocadora. Os desafios são muitos, mas não vamos deixar que isso ocorra.
No último dia 20/05 foi lançada a plataforma marketing place da CAIXA, embora isso tenha dividido opiniões da rede lotérica, com muitos empresários contrários. Eu tenho convicção de que apenas isso já é insuficiente. Apresentei à Caixa o projeto de minha autoria denominado Lotérica Tem, onde defendo a inclusão digital plena da rede lotérica e seus colaboradores, para comercialização de apostas direta ao consumidor e negócios também.
Temos potencial de alavancar e muito a arrecadação da Loterias CAIXA, além de criar uma robusta plataforma de concessão de crédito. Meu projeto contempla marketing place de produtos. Queremos vender geladeira, motocicleta, guarda-roupa enfim tudo e ser remunerado pela concessão do crédito e pela venda. Temos uma força de trabalho de 80.000 pessoas que podem se transformar em 200.000 fácil.
O presidente da Caixa fala o tempo todo em transformar a Caixa no banco digital, cita o Nubank com número de clientes igual, por exemplo, para demonstrar a forca da digitalização das pessoas, porém ignora a necessidade de a rede lotérica entrar, de forma plena, nesse mercado.
É possível fortalecer a loja física para a oferta de loterias num mundo cada vez mais digital?
Precisamos nos reinventar com oportunidades de serviços que necessitem de rede física com a fabulosa capilaridade que temos. Fácil não é, mas temos de achar caminhos. As oportunidades existem, mas elas esbarram sempre na remuneração inadequada que a Caixa geralmente propõe. Temos de quebrar este ciclo fatal para nossa atividade.
Pense no seguinte, a Caixa tem o negócio perfeito pois quando uma pessoa física compra uma lotérica ela compra o CNPJ. Ocorre que pelo absurdo desequilíbrio econômico-financeiro de metade da rede, essa pessoa física quebra em dois anos (por exemplo), aí vem outra PF que também vai quebrar e na estatística o tamanho da rede não muda, ou seja, aparentemente tudo está bem do ponto de vista da estatística e a falência do setor não aparece. Hoje 1/3 da rede lotérica é totalmente deficitária e nosso tamanho real hoje seria de no máximo 8.000 lojas físicas.
Como competir com as empresas online, que descarregam seus jogos na rede lotérica? Eles se transformaram em “representantes” das casas lotéricas?
O empresário lotérico não tem medo da concorrência. Infelizmente estamos atrasados no mercado online, e isso precisa e deve superado na maior brevidade possível. É indispensável termos liberdade de empreender e competir, assim eu não tenho dúvida de que o público apostador vai saber escolher pela melhor opção comercial e econômica.
Está na hora de a Loterias Caixa modernizar seus produtos? Sabe-se que algumas modalidades não são tão rentáveis. Poderia apontar, na sua avaliação, quais deveriam ser descontinuadas?
A Caixa não corta na própria carne. Eles têm enorme dificuldade de admitir erros, Super Sete, Dia de Sorte, Dupla Sena, Timemania, Loteria Federal no modelo atual - estamos pedindo a federal hibrida e nunca sai do papel - não deveriam mais estar no portfólio. As coisas na Caixa são muito lentas. Veremos como vai ser na subsidiaria Loterias CAIXA.
As apostas esportivas são um sucesso em todo o mundo. Como a rede lotérica pretende se estabelecer nesse mercado e quais as ações necessárias para adaptar-se a esse mercado?
No Brasil o segmento arrecada 6x mais do que todas as loterias da Caixa somadas. A rede lotérica tem capacidade de ser o maior e mais qualificado agente de afiliação nesse segmento. Temos credibilidade para tanto e nosso embate com a Caixa será enorme para definir modelo e remuneração. De toda forma precisaremos estar inseridos em todos os modelos e canais de comercialização
A Caixa prometeu relançar a Lotex. O que falta para o projeto sair do papel?
O produto loteria instantânea é “para ontem”. Na verdade, é para “antes de ontem”. É lamentável do ponto de vista do lotérico que ele tenha sido barrado por uma decisão judicial sabe-se lá por quê. Tínhamos a promessa de ter o produto de volta até agosto, agora creio que não sai mais este ano, mas falta para a federação informações para entender e opinar. Apenas reitero que por briga entre a Caixa e operadores internacionais estamos sendo mais uma vez prejudicados.
Como você vê o lançamento de loterias estaduais e municipais. Como a rede poderia se envolver a esse novo momento?
Nossa origem é o jogo e nosso futuro depende do jogo. Eu defendo a abertura do balcão da rede lotérica para todas as modalidades lotéricas legais, independentemente de acordo comercial com a Caixa. Se eu for o vencedor dessa eleição, uma das minhas prioridades será essa. Não tem sentido sermos excluídos disso e vamos brigar por isso com certeza absoluta.
Como a Caixa enxerga a rede lotérica em cinco anos? A Febralot tem acesso a este estudo?
Não temos e desconfio que nem a Caixa fez este estudo com seriedade, não percebemos compromisso real com nosso futuro.
Hoje, por mais incrível que possa parecer, está claro que a rede lotérica, pelo menos parte significativa dela, passou a ser um problema para a Caixa. Porém, como diz o ditado QUEM PARIU MATEUS QUE O EMBALE, afinal a Caixa escolheu municípios e pontos de vendas, ou seja, toda decisão que envolve uma licitação de unidade lotérica é de total responsabilidade dela, além do fato que recebeu dinheiro por isso, portanto não é possível aceitarmos tanta morosidade e ineficiência na gestão de tão valorosa rede.
Mas a nova gestão da federação precisará fazer este estudo avaliando todas as variáveis e cenários e faremos isso. Por fim agradeço muito o Games Magazine Brasil pela oportunidade de expor meus propósitos e objetivos na decisão de disputar a eleição para o próximo mandato da federação dos lotéricos.
Fonte: Exclusivo GMB