VIE 29 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 05:29hs.
COVID-19

Cassinos portugueses pessimistas este ano após quebra de 50% em 2020

Os cassinos portugueses encaram 2021 com pessimismo, após uma quebra histórica de quase 50% das receitas em 2020, dado o novo período de encerramento e a alteração de hábitos dos frequentadores para outras ofertas de jogo. A Associação Portuguesa de Cassinos acredita que mesmo com o controle da pandemia da COVID-19, “teria efeitos muito lentos no restabelecimento da frequência dos cassinos físicos, dada a alteração de hábitos dos frequentadores que inevitavelmente se verifica'.

"Relativamente ao ano que agora se inicia, não podemos encará-lo com otimismo. A pandemia está longe de ser debelada, prevê-se novo confinamento, não sendo de excluir outros períodos de encerramento ao longo do ano, e é previsível a continuação de restrições aos horários de funcionamento, com novas diminuições da frequência e continuação da erosão das receitas", sustenta a Associação Portuguesa de Cassinos.

Segundo destaca a associação, "um controle da pandemia, mesmo que acontecesse, teria efeitos muito lentos no restabelecimento da frequência dos cassinos físicos, dada a alteração de hábitos dos frequentadores que inevitavelmente se verifica".

É que, explica, se os cassinos físicos "já se defrontavam com uma concorrência crescentemente agressiva, quer por parte do jogo de cassino online, quer dos jogos físicos e online da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (com destaque para o Placard, a Raspadinha e o Euromilhões)", em ambiente de pandemia "esta concorrência intensificou-se".

Isto porque os cassinos físicos estiveram fechados "durante quase 30% do ano", mas também porque, "mesmo com eles abertos, muitos clientes, por razões sanitaristas, passaram a preferir ofertas de jogo que não impliquem a sua presença em público".

De acordo com a associação, toda esta situação levou a um "decréscimo abrupto" para metade das receitas dos cassinos portugueses no ano passado, que (considerando os proveitos de exploração de máquinas automáticas e de jogos bancados, como o pôquer ou a roleta) terminaram com uma quebra de 49,9% relativamente a 2019, num total próximo dos 157,9 milhões de euros, contra 315,2 milhões em 2019.

"As características das explorações dos cassinos físicos alteraram-se de forma profunda em 2020, na sequência da pandemia de COVID-19. As sucessivas declarações de estado de emergência e de calamidade levaram ao encerramento total dos cassinos durante mais de dois meses e meio, de 14 de março até ao início de junho, sendo o seu funcionamento a partir desse mês sucessivamente interrompido por novas obrigações de encerramento em dias determinados", recorda.

E mesmo após a sua abertura ao público, desde junho, a associação nota que os cassinos têm funcionado "em períodos diários menos rentáveis, com obrigatoriedade de encerramento que já chegou a ser às 20 horas, sendo, atualmente às 22 horas, quando anteriormente o funcionamento diário se verificava até às 03 horas, com as horas mais rentáveis ocorrendo a partir das 23 horas”.

Adicionalmente, a oferta de jogos "teve também de decrescer substancialmente, de forma a criar condições para manter o distanciamento físico entre clientes e reunir assim condições para manter os cassinos abertos ao público".

Dos 11 cassinos existentes em Portugal para os quais a associação dispõe de dados (falta informação relativa ao Casino de S. Miguel, nos Açores), os de Lisboa e do Estoril foram os que registaram em 2020 a maior queda nas receitas brutas: O Casino de Lisboa, que lidera no volume de jogo no país, com uma participação de 24,3%, fechou o ano com uma quebra de 54,6% face a 2019, para 38,4 milhões de euros, enquanto o Casino do Estoril faturou praticamente 30 milhões de euros, menos 52,2%.

No 'ranking' das maiores quebras segue-se o Casino da Praia da Rocha, em Portimão, no Algarve (-50,5%, para cinco milhões de euros), o Casino da Póvoa de Varzim (-48,8%, para 23,2 milhões de euros), o de Espinho (-47,2%, para 25,8 milhões de euros), o de Monte Gordo (-45,6%, para 3,2 milhões de euros) e o da Madeira (-45,4%, para 5,1 milhões de euros).

Já o Casino da Figueira da Foz viu as receitas recuarem praticamente 45%, faturando pouco mais de nove milhões de euros, seguindo-se o Casino de Chaves (-44,7%, para perto de 4,5 milhões de euros), o de Vilamoura (-44,6%, para 10,7 milhões de euros) e o de Troia, que registou a menor quebra (-31,2%, para 2,8 milhões de euros).

Considerando o total dos três cassinos algarvios, explorados pelo grupo Solverde, a quebra de receitas chegou perto de 46,5%, com faturamento passando de 35,4 milhões de euros em 2019 para menos de 19 milhões de euros em 2020.

A pandemia de COVID-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 8.236 pessoas dos 507.108 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Fonte: Dinheiro Vivo