GMB - Qual a expectativa para a temporada 2017 do Campeonato
Brasileiro de Poker?
Devanir Campos - A economia do país ainda está iniciando uma lenta recuperação
e, por causa disso, entendemos que a indústria do entretenimento – da qual nós
fazemos parte – é uma das que mais sofre com este cenário. No entanto, nossa
expectativa é de mantermos a tendência de crescimento, principalmente pautada
pelo crescimento na popularidade do poker dentro do país e, também, pela
presença cada vez maior de estrangeiros participando dos nossos campeonatos.
GMB - Porque começar a temporada com uma edição fora do
Brasil? E por que a escolha de Punta Del Este?
DC - Ano passado foi a primeira vez que o BSOP aconteceu fora do país e, no
inicia, isso pareceu estranho para muita gente. Porém, Punta del Este já é um
destino muito conhecido pelos brasileiros. Tanto é que por lá é difícil encontrar
um vendedor de loja ou garçom que não fale português. A etapa que aconteceu lá
no ano passado foi um sucesso em plena baixa temporada. Desta vez, a época
escolhida foi o verão, na qual a cidade ferve. Por isso, acreditamos que existe
o potencial de termos um evento enorme, bem maior do que a edição de 2017, o
que é um fator que o competidor de poker sempre procura: ótimos destinos, com
ótimos torneios cheios de gente e com premiações grandes.
GMB - Qual será o diferencial do BSOP Punta Del Este?
DC- Em relação à realização do evento, o competidor brasileiro não sentirá
diferenças que não seja a moeda utilizada. O BSOP leva o seu staff e programa o
evento de acordo com o que os nossos competidores já estão acostumados. O
principal atrativo está no destino. O Enjoy Punta del Este, hotel e cassino
onde o evento será realizado (antigamente conhecido como Conrad) é fabuloso e
possui uma gama de amenidades e opções de lazer muito grandes. A cidade estará
lotada no verão e as opções de diversão são muitas.
GMB - Como você avalia a evolução dos jogadores brasileiros
com a popularização cada vez maior do esporte no Brasil? Como isso interfere na
qualidade dos torneios no Campeonato Brasileiro?
DC - O Brasil tem pouco tempo de poker profissional, especialmente se comparado
aos EUA ou Europa. Isso faz com que tenhamos demorado um pouco para brilhar no
cenário internacional. Mas como em quase todos os esportes, nossa capacidade,
engenhosidade e inteligência já mostraram muitos resultados. Hoje temos 3
ganhadores de etapas do campeonato mundial e diversos nomes respeitadíssimos
internacionalmente. Alguns dos nossos melhores jogadores, como o campeão
mundial André Akkari, é parado para tirar fotos e dar autógrafos em competições
internacionais. Estamos construindo ídolos de um esporte novo e tenho certeza
que ainda vamos brilhar muito, colocando a nossa bandeira nas grandes
competições mundiais.
GMB - Como a BSOP tem visto a realização de torneios
de poker regionais como o Nordeste Poker Series, que aconteceu em Recife, e o
LOL Series, em Ribeirão Preto? Como eles ajudam no crescimento do esporte?
Existe algum plano pra ajudar essas competições a crescerem?
DC - Os torneios regionais são de extrema importância. São a formação dos
competidores no cenário profissional. Um competidor de poker geralmente dá os
primeiros passos em disputas entre amigos. Depois se aventura em pequenos
torneios de clubes. O próximo passo natural são os torneios regionais para em
seguida disputar o campeonato brasileiro. Ora, é assim com praticamente todos
os esportes. As competições regionais formam novos talentos, criam novos
campeões.
GMB - Sobre a regulamentação dos jogos no Brasil, qual a
posição da BSOP sobre o assunto?
DC - Somos extremamente favoráveis à regulamentação dos jogos de azar e à
separação clara destes em relação aos jogos de habilidade, aonde incluímos o
poker. O Brasil precisa de divisas e é uma ignorância absurda achar que hoje
não existe jogo de azar acontecendo no país. O jogo de azar existe em todas as
cidades, porém de forma ilegal e sem gerar um real sequer de tributos. Maquinas
caça-níqueis, jogo do bicho, cassinos clandestinos estão por todas as partes.
Está na hora de tirarmos estes mercados das sombras, ter o governo controlando
os processos e passar a gerar bilhões de reais em impostos.
GMB - Como a legalização do jogo pode ajudar o poker a
ganhar cada vez mais praticantes? E fora, como ela pode influenciar no que se
refere ao pôquer como um negócio?
DC - Não existe uma relação direta. A única que poderia ter é que se alguém
ainda tem a visão retrógrada e preconceituosa de que o poker é um jogo de azar,
caso jogos de azar sejam permitidos, esta pessoa não teria porque ter medo de
praticar poker. A relação com empresas também segue esta mesma lógica: hoje em
dia as empresas no Brasil têm medo de investir no mercado pois ainda tem medo
de associar a imagem a algo que "poderia ser considerado um jogo de azar” por
alguns. Poucas empresas foram pioneiras e enxergaram que uma coisa não tem nada
a ver com a outra.
GMB - Pra terminar gostaria que fizesse uma avaliação do
momento atual do pôquer no Brasil. O que a BSOP projeta para o futuro do
esporte em território nacional?
DC - O mercado de poker cresce ano após ano. A todo momento temos novos
torneios, marcas e empresas investindo num cenário que ainda vai mostrar muitos
talentos. Nossos profissionais estão despontando no mundo todo e novos ídolos
estão sendo criados. Demorou muito para o brasileiro aceitar esportes como surf
e skate: até 2015, pouquíssima gente conhecia quem era Gabriel Medina. Precisou
a mídia dar destaque e ele ir lá e levar a nossa bandeira pro alto. A uma
década, surfista e skatista era considerado por boa parte da população como
vagabundo e drogado. Hoje temos orgulho dos nossos surfistas. Esperamos que
daqui alguns anos as grandes redes de televisão noticiem nossos campeões
mundiais de poker, deem destaque às competições nacionais e se orgulhem de
sermos bons e mais um esporte.
Fonte: GMB
Autor: Pedro Henrique Feitosa