O H2 se consagrou nos últimos anos como um dos principais players do segmento de poker, online e presencial. Antes conhecido como H2 Club, a empresa se tornou um dos mais importantes grupos empresariais da área de poker, com operações físicas e online, além de fazer parte de um conglomerado composto também pelo Suprema Poker e a organização do Brazilian Series of Poker, maior campeonato da modalidade no mundo depois do WSOP, que acontece anualmente em Las Vegas.
Para falar sobre a transformação da empresa em um grupo com diversas atividades ligadas ao poker e outros jogos, o GMB One-On-One conversou com Ueltom Lima Gomes, CEO da companhia. Além de tratar do crescimento do H2, Ueltom conta que o grupo acaba de lançar outras modalidades de jogos de cartas, como a caxeta, uma das mais populares do Brasil, o breve lançamento de uma plataforma de fantasy games e a entrada para o mundo das apostas esportivas, com a H2.Bet.
“Passamos mais de uma década operando basicamente o poker. Foi uma decisão que tomamos no passado de operar somente o que a legislação brasileira permitisse. Há quatro anos o país legalizou as apostas esportivas e durante muito tempo esperamos pela regulamentação para entrar no negócio. Acompanhando o mercado e vendo que muitas empresas mundiais de ponta estavam investindo neste setor, partimos para o lançamento da H2.Bet”, contou Ueltom.
Em 2023 a empresa continuará investindo no crescimento do grupo e adota como mantra justamente esse conceito. “Nossa principal estratégia é o cross-selling entre os jogos e fazer com que a comunidade que já reconhece no H2 um ambiente de entretenimento, venham para a caxeta, para o fantasy game e aqueles que tiverem interesse em fazer apostas esportivas, que estejam conosco”, adiantou.
Para ele, “crescer é nosso mantra na corporação. Dentro da liderança temos uma brincadeira ao responder quando nos perguntam como estamos respondendo que ‘estamos crescendo’. Esse crescimento está baseado no cross-selling e no apoio daquilo que já temos com os novos jogos. Apostamos muito nisso e estamos de olho na regulamentação das apostas e na legalização dos jogos”, disse.
Games Magazine Brasil – O Grupo H2 se consolidou nos últimos dez anos como um grande player no mercado brasileiro de poker. A que se deve tal destaque neste cenário em franco crescimento?
Ueltom Lima Gomes – Ao chamar O H2 de Grupo você já remete um pouco à nossa história, pois o H2 sempre foi muito conhecido como H2 Poker ou H2 Club. Foi onde nasceu tudo e sermos uma referência no Brasil e uma das principais do mundo, representa uma grande trajetória. Nossa história como grupo de negócios se confunde com a história do poker no país. Diferente de outros lugares no mundo, tivemos de provar que o poker não se tratava de jogo de azar. O Brasil tinha uma legislação muito específica e, no nosso ponto de vista, muito atrasada. Em outros países, isso não aconteceu, pois era considerado um jogo de habilidade e de estratégia. Sempre houve essa confusão, pois muitas pessoas, ao jogarem em outros países, estão em um ambiente de cassino. Tem ficha, tem mesa, tem baralho... E todos confundiam o jogo como uma atividade de cassino. Como no Brasil não se pode ter jogos de azar, precisamos provar que o poker não se enquadrava nessa legislação proibida. Tivemos de buscar muito apoio jurídico e técnico para mostrar que o poker é um jogo de habilidade e que o fator sorte não era preponderante. Essa luta tem mais de uma década. Essa construção e legitimação junto à sociedade foi vitoriosa. Hoje ninguém questiona e todo mundo joga e é o segundo hobby de muita gente, como artistas, campeões olímpicos e jogadores de futebol.
Essa comunidade se fortaleceu muito com esse trabalho que fizemos. Foi uma luta para jogarmos o esporte que mais queríamos. Logo depois, percebemos que havia uma oportunidade para negócios e não só praticar o esporte. Por conta dessa história, viramos uma grande referência para país. Mais do que lançar um novo negócio, estávamos fundando um mercado novo. Existem pessoas que foram fundamentais para isso e para mim, o Igor Federal, meu sócio, é também meu mentor e um cara superimportante nessa história. Assim como o André Akkari, um grande amigo e campeão mundial de poker, que é um gênio nos negócios. Por tudo isso, consolidamos um mercado e assim resumo as razões para tornar o H2 uma referência.
E como você bem disse, um esporte da mente. Obviamente ter entre as operações do H2 a organização do Brazilian Series of Poker é uma responsabilidade imensa, já que se tornou o maior campeonato de poker do Hemisfério Sul. Como você avalia o crescimento do campeonato brasileiro?
O BSOP é hoje o maior campeonato de poker do mundo em número de pessoas fora de Las Vegas, que é a meca dos grandes campeonatos. Hoje, o BSOP disputa o primeiro lugar fora do WSOP. Somos um dos maiores campeonatos do mundo em premiações e só não somos o primeiro por conta da moeda brasileira. Mas o BSOP é uma grande referência e recebemos os maiores jogadores do mundo e de inúmeros países. Um dos principais fatores para o sucesso é o próprio tamanho do mercado no Brasil, já que não há outros campeonatos desse porte. O BSOP acertou muito com a liderança do DC e da Lara [Devanir Campos e Lara Bruno), além do Igor Federal, claro, que são os responsáveis pelo sucesso do Brazilian Series of Poker. Eles acertam muito na decisão de ter o melhor campeonato do mundo do ponto de vista técnico. Os dealers, os diretores de torneios, os floors e a estrutura técnica do BSOP fazem com que sejamos reconhecidos como os melhores do mundo, inclusive pelos principais jogadores. É quase uma decisão unânime. Ao jogar em outros lugares, não se percebe o mesmo nível técnico que encontra no campeonato brasileiro em termos de organização. Isso foi um grande acerto do BSOP, o que o tornou muito importante no cenário mundial.
Aliás, o poker vem crescendo exponencialmente. Esse boom no Brasil se deveu ao entendimento de que se trata de um esporte e pela disseminação do WSOP?
Há um fator interessante na história do poker. Chamamos de “Fator Money Maker”. Era um jogador recreativo de poker que ganhou sua vaga no campeonato mundial a partir de um torneio satélite. No campeonato mundial, a entrada para o principal torneio custa US$ 10 mil, então não é barato, mas é possível conquistar uma vaga por meio dos satélites. E foi o que aconteceu com ele, por meio de um classificatório muito barato e disputou o torneio, saindo campeão mundial. Nesse momento, gerou-se na comunidade mundial de poker a euforia de que um jogador amador também tem condições de conquistar um título mundial.
Quando se pensa no longo prazo, sempre os melhores jogadores vão ser os vitoriosos. Há uma frase no mundo do poker que diz: “você não é pago para ganhar sempre, mas é pago para tomar as melhores decisões”. Então, no longo prazo você será um jogador lucrativo. Mas qual é grande beleza do poker? Se você jogar apenas uma mão contra o melhor jogador do mundo, você tem chances de ganhar, mas se você jogar cem vezes, vai sair perdendo. Isso permite que os jogadores amadores podem se sentar, mas mesas dos melhores jogadores do mundo! Há o privilégio de poder sentar-se na mesa uma vez e ganhar. Isso fez o poker crescer demais e passou a ser transmitido na ESPN em vários países do mundo. Isso fez a modalidade crescer ainda mais.
Cabe aqui um parêntesis que sempre vale ser mencionado. É motivo de orgulho no Brasil o fato de as cartas utilizadas tanto no campeonato brasileiro quanto o WSOP serem da Copag, a centenária fabricante brasileira de baralhos!
A Copag é uma gigante. Temos uma relação sólida e histórica. Sempre foram apoiadores dos nossos projetos. Ela foi muito importante em nossa trajetória. É um gigante brasileiro do setor de baralhos. Eles possuem inúmeras linhas e sempre apoiaram nosso projeto.
Como está a integração entre o poker online e o presencial? Há uma competição ou eles se completam?
Eles se completam. Tínhamos um pouco de receio e era uma dúvida. Quando chegou a pandemia, não tivemos opção. Durante muitos anos o grupo via como uma ferramenta ou um meio para outros operadores online que sempre foram parceiros e nos patrocinavam. Operávamos unidades físicas em clubes e no campeonato brasileiro, mas quando chegou a pandemia ficamos um ano sem poder operar. Muitas pessoas dependiam da operação física de poker e não tínhamos opções a não ser aumentar a plataforma online e fazer disso um grande negócio era questão de sobrevivência. Acabou se tornando o maior negócio e a principal vertical que temos em nosso negócio. Mas pensávamos: “será que no fim da pandemia esse boom diminuirá?” Percebemos que não e que aqueles que só jogavam ao vivo esporadicamente, passaram a jogar também digitalmente e não deixaram de voltar ao físico com o fim das restrições. Eles continuaram jogando de forma online mesmo com o retorno das atividades presenciais. Durante a pandemia houve o crescimento do público procurando o que fazer, entre eles jogos recreativos e poker. E passaram a frequentar as unidades físicas. Chegamos ao phygital, que é o físico e o digital. Recebemos a visita de players do mundo todo e eles sabem o tamanho de nossa operação e o que fazemos. E se surpreendem quando visitam o H2 e veem o salão cheio. Eles entendam que o online é importante para o H2, percebem a força que o digital alcançou.
O H2 está se preparando para outros jogos de cartas. O que vem de novidade nesse sentido?
Através da rede da qual fazemos parte, temos a Suprema Poker. É um aplicativo próprio em que clubes online podem se conectar. Isso potencializa muito o volume de pessoas jogando ao mesmo tempo. É hoje a principal plataforma de poker online da América do Sul e uma das maiores do mundo. E com o crescimento, passamos a discutir outros jogos e o primeiro que acabamos de lançar é a caxeta, muito disseminada no Brasil. Queremos trazer esse público para nosso mundo digital. Pela tradição no Brasil, acredito até que é maior do que o número de jogadores de poker. Outra modalidade que estamos para lançar é o fantasy game. Desenvolvemos nosso próprio jogo e em breve lançaremos, assim como falaremos sobre nossa plataforma de apostas.
Por falar em novidades, íamos entrar nesse quesito. O H2 entrou para o mundo das apostas esportivas, com a H2.Bet. Qual a proposta da nova casa?
Passamos mais de uma década operando basicamente o poker. Foi uma decisão que tomamos no passado de operar somente o que a legislação brasileira permitisse. Sempre olhamos para outros jogos e temos interesse em operar, mas dependemos que o governo brasileiro tome a decisão. Estamos atrasados e o Brasil é um dos poucos países do mundo que não tem uma regulamentação específica para jogos de cassinos e bingos. É um prejuízo para o país isso faz com que empresários sérios não entrem nesse mercado. Estamos nessa expectativa e que o Brasil avance nesse sentido. Há quatro anos o país legalizou as apostas esportivas e durante muito tempo esperamos pela regulamentação para entrar no negócio. Até demoramos para nos movimentarmos neste segmento, mas recentemente tomamos a decisão de participar. Acompanhando o mercado e vendo que muitas empresas mundiais de ponta estavam investindo neste setor, partimos para o lançamento da H2.Bet. É um fenômeno o que está acontecendo neste mercado. O brasileiro é muito apaixonado por jogos e esportes e para nós não é diferente. Estamos muito satisfeitos e animados com o futuro desta vertente de negócio.
Vocês estão oferecendo as principais modalidades de esportes?
Todas as modalidades possíveis e os principais mercados. Por mais que sejamos uma empresa internacional, carrega um nome que ao longo dos anos batalhamos demais para ser respeitada. Quando as pessoas olham o nome H2, enxergam esse respeito e credibilidade. Para nós, sempre foi importante delimitar isso. Operamos com os melhores mercados e temos muita preocupação com o crescimento desenfreado de operadores que muitas vezes nem mesmo ouvimos falar. Estamos falando de entretenimento e é preciso muita responsabilidade ao falar em investimento. É uma nova modalidade e estamos trabalhando com muito respeito ao mercado.
O governo não deveria perder tempo e criar regras específicas dentro do mercado brasileiro para dar cada vez mais credibilidade e segurança para quem quer operar no país, sem precisar atuar do exterior.
Quais são os planos do H2 para 2023?
O H2 vem num crescimento exponencial e sabemos que há uma janela de oportunidade muito grande, principalmente no mercado de apostas e novos jogos. Acho que a nossa principal estratégia é fazer o cross-selling entre os jogos e fazer com que a comunidade que já reconhece no H2 um ambiente de entretenimento, que venham para a caxeta, para o fantasy game e aqueles que tiverem interesse em fazer apostas esportivas, que estejam conosco.
Temos como mantra na corporação: “Crescer”. Dento da liderança temos uma brincadeira ao responder quando nos perguntam como estamos. Nossa resposta é “estamos crescendo”. Esse crescimento está baseado no cross-selling e no apoio daquilo que já temos com os novos jogos. Apostamos muito nisso e estamos de olho na regulamentação das apostas e na legalização dos jogos.
Participamos de todas as discussões nesse sentido porque temos grande interesse em contribuir para o desenvolvimento do segmento de entretenimento. Temos de avançar e já passou o tempo quando o Estado dizia com quem a pessoa pode casar-se, como pode gastar seu dinheiro e muito mais. O jogo existe no país e só não está legalizado. Esse é o ponto mais importante que o governo deveria entender. Muitos empresários sérios estão esperando o Estado legalizar e regulamentar as modalidades para operar com segurança. Não se trata de existir ou não o jogo ou de alguém gostar ou não gostar. Cada um pode ter esse direito, mas se trata de o governo oferecer regras claras, arrecadar e investir em áreas importantes. Trata-se do governo colocar a mão neste negócio inclusive para proteger os apostadores.
Fonte: Exclusivo GMB