A crise sanitária provocou grave fluxo de caixa para os jockey clubs e todos destacaram que o setor antes mesmo da pandemia já vinha com grandes dificuldades. O presidente do Jockey Club Brasileiro, Raul Lima Neto, destacou que parte da melhoria nas receitas foi possível graças à locação para exploração de eventos no local. “O cenário ainda é de dificuldades para todos os jockey clubs, mas temos perspectivas quanto à liberação do jogo para termos um ano de 2022 mais promissor”, abriu o tema.
Deuclides Gudolle, do Jockey Club do Rio Grande do Sul, disse que passou os últimos seis meses administrando dívidas, tendo obtido sucesso na quitação de muitas delas. “Ainda tivemos sorte por termos uma bela administração anterior, que assinou um contrato com a Betsson, por três anos. “Nos proporciona R$ 270 mil para pagar prêmios de algumas provas. Com isso, estamos numa situação econômica em que não temos mais dívidas”, explicou.
Roberto Belina afirmou que atualmente o JC do Paraná está em uma situação financeira tranquila, em função das locações comerciais, inclusive de um shopping center no local, que garantiu durante o período da pandemia certa tranquilidade e com todas as despesas em dia.
Benjamin Steinbruch, presidente do Jockey Club de São Paulo, afirmou que 2021 foi um ano muito difícil para o hipódromo. “Imaginem uma entidade sem receitas, só com despesas”, descreveu, dizendo que o JCSP sobreviveu, “mas numa situação muito delicada, diante das nossas grandes despesas”.
Segundo os presidentes, a expectativa é grande com relação ao futuro, com a legalização do jogo no Brasil. A aprovação do pedido de urgência para os debates e votação do PL 442/91 do Marco Regulatório dos Jogos. Para eles, a possibilidade de os hipódromos operarem jogos em suas instalações dará às instituições condições de retomar a grandiosidade que sempre marcou a atividade turfística.
“É um desejo de todos nós que sejam aprovados os jogos no Brasil. A resistência aos diversos tipos de jogos é pelo desconhecimento por parte da sociedade. Devemos continuar fazendo cada vez mais o nosso trabalho e os contatos devem ser potencializados. As discussões são produtivas, especialmente com aqueles que estão encarregados de definir todos os parâmetros da nova lei do jogo”, disse Benjamin Steinbruch.
Segundo ele, o jogo é uma coisa e a corrida de cavalo é outra. “Precisamos poder operar também apostas em corridas gravadas e ter maquininhas nos hipódromos”, que poderiam contribuir com a solução dos problemas financeiros para os jockey clubs.
O dirigente paulista conclamou seus pares dos demais jockey clubs a se mobilizarem e buscarem aproximação com os parlamentares para oferecer subsídios sobre a operação do turfe para que a futura lei dos jogos contemple os jockeys.
Raul Lima Neto completou dizendo que “começamos um movimento junto aos parlamentares quando vimos que o assunto estava sendo muito discutido em Brasília. Em contato com membros do GT que trata da legalização, conseguimos realizar uma reunião muito produtiva em companhia de diversos dirigentes do turfe brasileiro”, contou.
Para ele, o mais produtivo foi o fato de o relator, Felipe Carreras, e o presidente do GT, Bacelar, terem saído do debate com um entendimento muito claro sobre a importância de os hipódromos estarem dentro desse processo de legalização. “Fizemos nossa parte, trabalhando as bancadas, no sentido de contemplar as instituições que possuem uma lei própria e que estão no ambiente de exploração legal. Basta usar os exemplos de Maroñas, no Uruguai, e Palermo, na Argentina”, afirmou.
“Vamos trabalhar até o início dos trabalhos legislativos, para que o turfe continue em evidência para fazermos parte desse novo momento que está por vir”, convocou Raul Lima Neto para que os demais jockey clubs conversem com as bancadas em Brasília para demonstrar força e garantir espaço para a exploração do jogo.
"O momento é agora. A percepção que tenho é que nunca houve tanta boa vontade e interesse do governo e de seus representantes para a aprovação da lei. Existe a conscientização no governo e no legislativo de que o jogo é uma realidade no Brasil. Só não há arrecadação. O entretenimento é a grande indústria que está por vir e sem dúvida o turfe é uma dessas coisas, que somada a tudo que um jockey club pode oferecer conseguimos pegar uma maré favorável. O jogo aprovado é uma coisa importante para nossa atividade", afirmou Steinbruch.
Fonte: GMB