GMB – Como está estruturada a Fecoljuegos?
Evert Montero Cárdenas – A Federación Colombiana de Empresários de Juegos de Suerte y Azar –
Fecoljuegos é uma entidade sem fins lucrativos, de caráter associativo que
defende os interesses dos concessionários de jogos na Colômbia. É composta por
empresários afiliados em todo o país e dirigida por um presidente que se
reporta à Junta Diretiva.
Como entidade criada para defender os
concessionários de jogo na Colômbia, quais foram as principais conquistas ao
longo dos 17 anos de atuação?
Um dos principais
objetivos da Fecoljuegos sempre foi a profissionalização do setor e aumentar a
transparência, para continuar gerando riqueza para os concessionários, para os
consumidores e para todos os colombianos em geral. Temos conseguido que o
Estado nos reconheça como sócios estratégicos na exploração do monopólio dos
jogos. Nossa maior conquista como entidade é que nos transformamos em
interlocutores legítimos perante o ente regulador, os demais organismos de
controle, o Estado e também com a empresa privada e com todos os órgãos que
atuam nesta atividade. Muitos dos nossos empresários têm mais de 20 anos no
setor de cassinos e bingos e têm se mantido com muito esforço, apesar da falta
de conhecimento que o Estado e a sociedade tinham – e ainda têm – da atividade.
Eles são especialistas na operação de jogos e têm muito a oferecer quanto à
normatização, novos produtos e também sobre políticas públicas que deveriam
reger o monopólio. Hoje, o Estado nos consulta, escuta e presta muita atenção
em nossas observações. O diálogo com o ente regulador é fluido e muito
produtivo. Conseguimos chamar a atenção sobre o tema ilegalidade, que tanto
prejudica as empresas e a arrecadação. Hoje o Estado tem tomado medidas para
coibir o jogo ilegal. Outra vitória consiste em propor e conquistar
modificações na regulamentação, para benefício da própria indústria, como foi
visto recentemente na reforma tributária e nas últimas regulamentações
adiantadas pela Coljuegos.
Como a Fecoljuegos trata do tema "jogo
responsável”?
O primeiro ato de
responsabilidade diante da exploração do monopólio do jogo é fazê-lo de maneira
legal. Todos nossos afiliados são concessionários autorizados com Coljuegos, o
que garante que cumpram com todas as exigências financeiras e operativas
exigidas pelo Estado e que sejam entregues aos jogadores, sempre, aquilo a que
eles têm direito, bem como o recolhimento dos impostos ao Estado. Ao mesmo
tempo, fazemos um trabalho contínuo de conscientização entre nossos afiliados
sobre a importância de estabelecer políticas corporativas que promovam o jogo
responsável no interior de seus estabelecimentos. Os concessionários têm muito
claro que o aspecto lúdico do jogo prima pelo conceito de entrada dos jogadores
nas salas para mera diversão. De qualquer maneira, diante de uma pequena
porcentagem que pode desenvolver uma patologia de jogo, os próprios
concessionários estabelecem limites que impeçam que as despesas com jogo
excedam a capacidade econômica do jogador. Temos até um exemplo interessante de
um de nossos afiliados, Winer Group, que desenvolveu um programa de jogo
responsável dirigido a educar os clientes para desfrutar de maneira sadia os
jogos, colocando inclusive barreiras em alguns volumes de apostas.
Na Colômbia, os jogos destinam importantes
recursos financeiros para a saúde. Foi uma decisão acertada para beneficiar a
sociedade colombiana? Quanto é a arrecadação do governo
para a saúde com os jogos?
Foi uma decisão acertada, o que demonstra a arrecadação de 2016, que
alcançou US$ 152 milhões e que continua crescendo. O ser humano tem o espírito
do jogo e busca formas de entretenimento que preencham essa necessidade. Ou
seja, os jogos sempre existiram e não os regulamentar ou proibi-los leva a que
se pratiquem na clandestinidade, com as consequentes más práticas e fraudes. Um
jogador que aposta na clandestinidade não tem segurança de que se pague seu
prêmio e não tem a quem reclamar, enquanto que quem explora os jogos
ilegalmente enriquece sozinho. Regular os jogos é benéfico para jogadores
porque assegura seu dinheiro, para empresários, porque lhes dá garantias legais
para exercer a atividade e para o país, que arrecada impostos sobre o setor. O
mesmo acontecerá no seu país. Se o Brasil aprovar uma lei para o setor de
jogos, será benéfico para o Brasil, que arrecadará impostos, e para a
sociedade, que terá uma nova opção de lazer e também mais empregos serão
gerados.
O Brasil está discutindo uma lei de jogo.
Acredita que a Fecoljuegos pode oferecer informações sobre a elaboração de uma
lei interessante tanto para operadores locais e empresários de outros países
investirem no Brasil?
Claro que sim.
Podemos mostrar nossa experiência ao longo dos anos. O monopólio dos jogos na
Colômbia passou por altos e baixos, acertos e erros e fomos aprendendo muito
com isso. Tanto aprendemos que hoje temos uma regulamentação - ainda que não
seja perfeita - que é um exemplo na região. Hoje, graças a uma relação muito
próxima da Coljuegos, estamos revisando nossa lei do jogo com o objetivo de
modernizá-la e adaptá-la à realidade atual.
Com uma lei séria, empresários da Colômbia
teriam interesse em investir no Brasil?
Com certeza. Como
comentei anteriormente, os concessionários colombianos têm muita experiência e
expectativas de continuar investindo na atividade. Se se apresentarem
oportunidades interessantes no Brasil, seguramente eles irão investir.
Qual a experiência de maior sucesso que
a Fecoljuegos pode mostrar aos empresários brasileiros e às nossas autoridades?
A lição mais valiosa que aprendemos ao longo dos anos é que para ter um setor
de jogos saudável, todos os atores envolvidos – públicos e privados – devem
trabalhar em equipe, de maneira articulada. Por ser uma atividade sob
concessão, são muitos os órgãos, como a Coljuegos, Polícia Nacional, governos
estaduais, municipais, secretarias, conselhos, órgãos de fiscalização,
Procuradoria etc. Assim, é importante estabelecer metodologias de trabalho
conjunto que garanta ao Estado e aos concessionários o exercício eficiente e
transparente da atividade. Como associação, nosso objetivo é ir adiante,
criando uma política pública para o setor de jogos. Por isso consideramos
importante que os empresários se unam e se organizem para que possam levar as
discussões ao nível legislativo. Entendemos que a união dos empresários
permitiu a eles participar de maneira mais forte em novas modalidades, como no
caso dos jogos pela internet na Colômbia. Finalmente, a academia desempenha um
papel importante em nossa missão como entidade. Promovemos eventos e
capacitação que não tem apenas a ver com a indústria, mas também com todos os
aspectos da administração de um negócio de sucesso. Nossos empresários se
atualizam para enfrentar um mercado com muitas mudanças e com consumidores cada
vez mais exigentes e sofisticados.
Fonte: Exclusivo GMB
Autor: Gildo Mazza