GMB
– A organização de uma etapa como a de São Paulo é mais complicada?
Devanir Campos – Cada uma tem a sua dificuldade.
Ela não é mais difícil que outras, mas com certeza a BSOP Millions é o evento
mais difícil de organizar. A logística dele é distinta de qualquer outro. Como
a sede do BSOP está em São Paulo, isso facilita muita coisa, embora o tamanho
do evento dificulte, por outro lado. É diferente de eventos menores, que
fazemos no nordeste, por exemplo. Embora a distância seja grande, a dificuldade
é de logística e não de estrutura de atendimento e organização. Ou seja, cada
etapa tem o seu desafio e para nós que vivemos de organizar eventos, nosso dia
a dia é superar esses desafios.
Pelo
lado competitivo, a etapa de São Paulo tem um peso diferente para a
classificação na temporada do BSOP?
Eu não vejo uma diferença do ponto de vista
esportivo. É mais uma competição no calendário do BSOP. Ela é importante pela
quantidade de torneios e pela possibilidade dos competidores acumularem mais
pontos. Mas não é mais importante que as outras. É mesma coisa que você falar
que a corrida de Dubai é mais importante que a corrida de Monza na Fórmula 1.
Cada uma tem suas diferenças e importância para o todo.
Existe
algum momento em que algumas etapas acabam ganhando mais importância que as
outras? Qual é a principal etapa em uma temporada do BSOP?
Quando a gente vai chegando ao final do campeonato,
cada etapa ganha uma importância diferente dependendo de como está a briga do
ranking. Tudo pode ser definido no final da temporada e é ali que muita coisa
se define. Então, o BSOP Millions, que acontece no final do ano, acaba sendo
mais importante que os outros, não só pelo tamanho, pela quantidade de pessoas,
a premiação envolvida, mas, também porque é a definição do campeonato.
Avaliando
o nível de competição das duas etapas do Campeonato Brasileiro até o momento,
qual projeção você faz para o restante da temporada?
A cada ano ela tem ficado mais competitiva. Cada
nova temporada traz um pouco do que foi o campeonato anterior e essa com
certeza vai ter muito mais emoção porque o ano passado o campeonato foi
definido nos últimos minutos, nos últimos pontos. Então, os profissionais têm
brigado de uma forma muito ferrenha por cada ponto. E isso é o mais bonito da
esportividade do poker. É o que você vê em outros esportes. O cara que é
atleta, que vive disso, o espírito esportivo é esse. Ele vai brigar até o
último minuto para subir ao pódio, pra ter o troféu, a medalha ou aqui, no
nosso caso, o bracelete.
Na
sua opinião, o que tem feito os jogadores de poker entrar com toda essa
disposição que você citou na última pergunta? Porque é importante ser campeão
do BSOP?
O formato de pontuação e de disputa que a gente faz
tem sido muito bem sucedido. E esse formato se traduz em campeões brasileiros
que são unanimidade. Você pega o atual campeão brasileiro, Rodrigo Zidane, que
é, sem dúvida, um dos melhores jogadores de poker que o Brasil tem há quase uma
década. Em 2015 o título ficou com o João Bauer, que hoje em dia é um dos
profissionais mais respeitados do país. O campeonato tem uma representatividade
esportiva que é inquestionável.
Com
esse nível de entrega e disputa do BSOP, como os jogadores e o poker
brasileiros são vistos pelo resto do mundo?
O Brasil é cada vez mais respeitado. Apesar de aqui
a gente ter competições há apenas dez anos, somos um país muito novo no poker.
Os Estados Unidos tem competições há cinquenta anos e a Europa, há quase duas
décadas. Então, isso faz com que a gente demore um pouco para que apareçam os
ídolos, os grandes profissionais, os talentos. Hoje, temos jogadores
profissionais que jogam de igual para igual em qualquer campeonato mundial;
temos campeonatos que estão entre os maiores do mundo. Então, o Brasil vem
sendo cada vez mais respeitado; tanto as suas competições quanto os seus jogadores.
Nós temos um grupo de elite que não deixa nada a desejar. Brigamos realmente de
igual para igual.
Fonte: Exclusivo GMB
Autor: Pedro Henrique Feitosa