SÁB 13 DE DICIEMBRE DE 2025 - 17:00hs.
Mateus Mendes, CTO Legitimuz

Risk Scoring: sua operação detecta as três brechas geográficas que drenam a receita?

Neste artigo, Mateus Mendes, CTO Legitimuz, aponta que fraudadores vêm explorando três brechas geográficas ignoradas por operações de iGaming, gerando perdas médias de R$ 350 mil/mês: mascaramento via VPN/proxy, saltos geográficos impossíveis e acessos simultâneos. “Soluções eficazes exigem monitoramento contínuo, análise de padrões e bloqueio automático para garantir proteção real e conformidade”, garante o diretor de tecnologia da empresa.

A Portaria 722 não criou uma barreira, mas sim um mapa do tesouro para os fraudadores. Enquanto 90% das operações focam em cumprir o mínimo, redes organizadas já exploram 3 falhas geográficas específicas que o compliance básico não vê, gerando um prejuízo médio de R$ 350 mil por mês para operações de médio porte.

O problema não é falta de tecnologia de geolocalização. É que a maioria das plataformas usa essa tecnologia de forma passiva: valida o endereço no cadastro, checa o IP no login e pronto. 

Enquanto isso, os fraudadores operam livremente com VPNs, coordenam ataques de múltiplas localidades e realizam saques antes que qualquer anomalia seja detectada. A diferença entre conformidade regulatória e proteção real está em tratar geolocalização como inteligência contínua, não como barreira pontual.

A geolocalização como impressão digital comportamental

A localização de um usuário revela muito mais do que coordenadas GPS. Ela funciona como assinatura comportamental, expondo inconsistências que análises convencionais de dados cadastrais ou financeiros simplesmente não capturam.

Um jogador que aposta regularmente em Curitiba e repentinamente aparece fazendo login em Manaus, seguido de tentativa de saque minutos depois, não está apenas mudando de cidade. Está sinalizando comprometimento de conta. Mas a anomalia vai além da distância física. 

A frequência de acessos, os horários, os dispositivos utilizados em cada local e a velocidade das transações formam um padrão. Quando esse padrão se rompe sem justificativa, há fraude em andamento.

As operações que estruturam um monitoramento geográfico robusto resolvem três desafios críticos simultaneamente: garantem conformidade regulatória, bloqueiam fraudes organizadas e protegem contas legítimas contra o Account Takeover. 

Por outro lado, as operações que não fazem isso estão operacionalmente vulneráveis, independentemente de quanto investem em outras camadas de segurança.

As três vulnerabilidades que detonam a receita silenciosamente

Os fraudadores não improvisam. Eles identificam padrões, testam vulnerabilidades e exploram sistematicamente as mesmas três falhas que a maioria das plataformas ignora. 

Essas brechas não são complexas nem difíceis de entender, são apenas negligenciadas porque grande parte das operações tratam a geolocalização como checkbox regulatório, não como camada ativa de inteligência antifraude.

1. Mascaramento via VPN e proxy: a fraude invisível que corrói promoções

As VPNs comerciais podem custar menos de R$ 20 por mês. Os proxies residenciais, que simulam conexões domésticas legítimas, são ainda mais acessíveis em mercados underground. Com essas ferramentas, os fraudadores podem driblar as restrições geográficas e operam como se fossem usuários brasileiros legítimos.

Os prejuízos são diretos e recorrentes:

* Jogadores de jurisdições proibidas acessam a plataforma, gerando risco regulatório e possível revogação de licença.

* Estima-se que até 15% do orçamento de bônus de aquisição seja perdido para contas fraudulentas que usam mascaramento de IP. Para um orçamento de R$ 1 milhão, são R$ 150 mil desperdiçados todo mês em usuários que nunca se tornarão clientes reais.

* Grupos organizados coordenam arbitragem entre plataformas, explorando odds discrepantes através de múltiplas identidades em localizações falsas.

* Esquemas de conluio operam com vários "jogadores" que, na realidade, são o mesmo fraudador sob IPs residenciais distintos.

O problema se agrava com proxies rotativos, que alteram o IP a cada requisição, tornando o rastreamento praticamente impossível para sistemas que dependem de listas de bloqueio estáticas.

A detecção eficaz exige cruzamento em tempo real entre a localização declarada pelo IP e os dados nativos do dispositivo (GPS, torres de celular, WiFi), além de análise de sinais técnicos típicos de mascaramento: latência anômala, rotas de rede suspeitas, configurações de navegador inconsistentes. 

Sem essa camada, você não está protegido, está apenas cumprindo o mínimo regulatório enquanto os fraudadores operam livremente.

2. Saltos geográficos impossíveis: o indicador definitivo de Account Takeover

Quando os dados mostram deslocamentos que violam as leis da física, não há ambiguidade. A conta foi comprometida.

Cenário típico:

* 14h00: acesso registrado em São Paulo

* 14h05: tentativa de saque no Rio de Janeiro

São 430 km em 5 minutos. Impossível, mesmo considerando a aviação comercial. Mas fraudadores sofisticados são mais sutis:

* 10h30: aposta realizada em Porto Alegre

* 11h15: login e alteração de dados cadastrais em Recife

São 3.100 km em 45 minutos. Ainda é impossível, mas o intervalo maior pode passar despercebido em análises superficiais que não calculam a viabilidade física de deslocamento.

O custo de reputação não é incalculável. Dados de mercado mostram que um cliente vítima de ATO custa 5x mais para ser reativado do que para ser adquirido, e 40% deles nunca mais depositam na plataforma. O prejuízo não é apenas o saque, é a perda permanente de LTV e a publicidade negativa que afeta a aquisição de novos jogadores.

Da mesma forma, os sistemas eficazes de detecção de Location Jump calculam não apenas distância, mas tempo viável de deslocamento considerando meios de transporte reais. Eles também avaliam o tipo de atividade realizada em cada localização. Um acesso seguido de mudanças em dados sensíveis (senha, e-mail, informações bancárias) eleva drasticamente o score de risco e deve acionar bloqueio automático.

O tempo de resposta define se você previne prejuízo ou apenas o documenta. Detectar o salto impossível no login e congelar a conta antes de qualquer transação é proteção. Detectar depois que o saque foi aprovado é uma auditoria de perdas.

3. Acessos simultâneos: quando a mesma conta opera de múltiplos continentes

Não há margem para interpretação aqui. Quando a mesma conta apresenta atividade simultânea em cidades ou países diferentes, a conta foi distribuída entre múltiplos operadores de uma rede de fraude organizada.

Padrões recorrentes:

* Sessão ativa em Brasília enquanto outra tenta login em Buenos Aires

* Apostas sendo realizadas ao mesmo tempo de São Paulo e Miami

* Consultas de saldo a partir de três IPs distintos, localizados em continentes diferentes, no intervalo de minutos.

Este é o modus operandi de redes profissionais que monetizam contas roubadas. As credenciais legítimas são vendidas ou alugadas no mercado ilegal e distribuídas entre múltiplos fraudadores para maximizar a exploração antes do bloqueio. Também aparece em esquemas de "conta mula", onde usuários legítimos alugam suas credenciais em troca de parte dos lucros ilícitos.

A detecção exige monitoramento em tempo real de todas as sessões ativas. Não basta registrar o login, é preciso acompanhar continuamente a localização durante a sessão inteira e cruzar com outras sessões abertas na mesma conta. Qualquer sobreposição geograficamente impossível deve acionar bloqueio imediato e irreversível até validação manual.

Arquitetura de proteção: o que separa conformidade de segurança real

Proteção eficaz exige três camadas operando de forma orquestrada:

Geolocalização nativa do dispositivo

Um IP pode ser mascarado. Um GPS nativo, não. A Portaria 722 exige precisão exatamente por isso. Dados de GPS, torres de celular e redes WiFi formam triangulação difícil de falsificar, mesmo com ferramentas sofisticadas.

Checkpoints contínuos ao longo da jornada

O risco não se concentra no cadastro. Os fraudadores são pacientes. Eles criam contas, as "envelhecem" por semanas e só então executam o ataque. Por isso, validações precisam acontecer em pontos críticos:

* Cadastro e autenticação: primeira barreira

* Transações financeiras: validação obrigatória em depósitos e saques

* Confirmação de apostas: verificação antes da primeira aposta

* Sessões ativas: revalidação a cada 30 minutos de uso contínuo

Análise de coerência temporal e espacial

As tecnologias de Location Jump avaliam a viabilidade física de deslocamentos e acionam protocolos automáticos quando detectam impossibilidades, o que elimina dependência de análise manual, que é lenta, cara e ineficaz em escala.

O que diferencia operações preparadas de operações expostas

O iGaming brasileiro está crescendo rápido. Regulamentação avançando, mercado se profissionalizando, competição se intensificando. Nesse cenário, duas perguntas definem quem lidera e quem apenas sobrevive:

Sua arquitetura atual responde a saltos geográficos impossíveis, acessos simultâneos e mascaramento via proxy em tempo real, com bloqueio automático?

Se a resposta não for "sim, com orquestração completa e zero dependência de análise manual", sua operação tem exposição crítica. E os fraudadores profissionais já sabem disso.

No final, a pergunta não é se sua operação cumpre a Portaria 722, mas se ela sobrevive ao que a Portaria não cobre. As três vulnerabilidades discutidas não são riscos teóricos; são brechas ativamente exploradas que aparecem como 'custo operacional' ou 'perdas de marketing' nos relatórios financeiros. A verdadeira pergunta é: sua camada de proteção geográfica foi desenhada para passar na auditoria ou para proteger sua receita?

Legitimuz

A Legitimuz é uma plataforma de orquestração de identidade especializada no mercado de iGaming brasileiro. A solução oferece monitoramento geográfico contínuo com detecção de Location Jump, análise de acessos simultâneos e identificação de mascaramento via VPN e proxy em tempo real. A tecnologia combina geolocalização nativa do dispositivo, validação em checkpoints estratégicos e análise de coerência temporal e espacial para proteger operadoras contra Account Takeover, fraudes organizadas e violações regulatórias. Desenvolvida para operações de médio e grande porte que tratam conformidade geográfica como camada ativa de proteção patrimonial, não apenas como requisito legal.

Mateus Mendes
CTO Legitimuz