A dificuldade de obter receitas correntes foi um dos temas do primeiro dia do Seminário Internacional “Gestão Inovadora de Bairros Históricos – Fábrica de Restauro”, que termina hoje em São Paulo. Uma das alternativas mais inspiradoras para a realidade brasileira vem do Reino Unido: o uso de parte do dinheiro da loteria para bancar os custos de preservação histórica da região.
Henry Russel, do Heritage Alliance Spatial Planning Advocacy Group, detalhou como o Heritage Lottery Fund foi importante para encontrar um equilíbrio financeiro capaz de arcar com os 377 mil edifícios históricos britânicos, além de quase 20 mil monumentos, 1.652 parques e 46 campos de batalha preservados.
De cada 2 libras gastas no bilhete de apostas, 28% vão para financiar “boas causas”, entre elas, a preservação, que fica com 20% do total arrecadado para boas causas. O valor varia conforme o volume de apostas, mas fica em torno de 300 milhões de libras por ano (ou 1,6 bilhão de reais). O Heritage Lottery Fund foi criado em 1994 e desde então já arrecadou quase 8 bilhões de libras para projetos de tamanhos variados.
Outra fonte importante de recursos é o Historic England, órgão criado em 2015 e subordinado ao Ministério da Cultura, Mídia e Esportes. Seu orçamento anual é de cerca de 90 milhões de libras, o equivalente a 500 milhões de reais. E mesmo assim a preservação do patrimônio britânico depende também de doações privadas, feitas por empresas e instituições filantrópicas.
Além de dinheiro, é preciso ter gestão. Por isso o Heritage Alliance atua como uma rede conectando mais de 120 entidades, dando consultoria a governos locais e nacional e buscando apoiadores, leis e políticas públicas mais eficientes.
As inscrições para o seminário, que termina hoje, estão encerradas, mas é possível acompanhar a transmissão ao vivo pelo site do CAU e pelas redes sociais do Esquina, com flashes do evento no Stories e entrevistas ao vivo no Facebook com os diversos especialistas estrangeiros.
A iniciativa do seminário é do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil conjuntamente com o CAU/SP e o programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismos da FAU-Mackenzie, com apoio da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do MEC). O evento acontece na Universidade Presbiteriana Mackenzie e tem coordenação da arquiteta e urbanista Nadia Somekh, do Programa de Pós Graduação.
Fonte: GMB / esquina.net