A venda de passwords para sites ilegais em estabelecimentos comerciais, principalmente cafés, é uma das novas tendências nas práticas fraudulentas nas apostas online em Portugal, de acordo com o jornal local Diário de Notícias (DN).
O jornal indica que vários estabelecimentos comerciais, em particular cafés, vendem passwords aos jogadores, que fazem o login em sites idênticos aos das casas de apostas legalizadas.
O fato do acesso aos sites poder ser feito a partir de dispositivos como computadores portáteis, tablets ou smartphones dificulta a ação das autoridades fiscalizadores, disse ao jornal uma fonte da Unidade de Ação Fiscal da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Esta prática penaliza o Estado em vários milhões de euros em impostos que ficam a cobrar.
"Temos notado que os esquemas fraudulentos estão cada vez mais complexos, com recurso a plataformas eletrônicas, que conseguem gerar lucros muito maiores", disse ao jornal a fonte da Unidade de Ação Fiscal.
"É quase como se [o apostador] estivesse a jogar em casas de apostas online legais. Este sistema ilegal dá para jogar slot machines, fazer as apostas e não só no futebol. Também pode ser póquer, corridas de cavalos, etc.", explicou a fonte.
Estas prácticas estão disseminadas por todo o território nacional e é difícil estimar os lucros que geram e os impostos que ficam por cobrar, acrescentou.
"O jogador vai ao estabelecimento em que o dono tem o perfil de administrador e este cria uma conta para o cliente, que paga 10, 20 ou 30 euros e fica com esse crédito. A partir daí pode jogar onde quiser e se tiver prêmios vai recebê-los junto de quem lhe criou a conta", detalhou um investigador ouvido pelo DN.
"O lucro é muito grande e as coimas pequenas. Por vezes rondam os 500 a 600 euros", sublinhou.
Nos dois últimos anos, a Unidade de Ação Fiscal da GNR desmantelou três redes que alcançaram receitas brutas de 35 milhões de euros, uma das quais teria mesmo faturado 17 milhões de euros em apenas um ano.
O jornal refere que o jogo online legal em Portugal gerou 122,5 milhões de euros em receitas brutas no ano passado e que o Estado arrecadou 54,3 milhões de euros em impostos, segundo dados do Serviço de Regulação e Inspecção de Jogos.
Desde Janeiro, a Unidade de Ação Fiscal já detectou 80 crimes de exploração ilícita de jogo.
Fonte: GMB/ Jornal de Negócios
