GMB
– O que te trouxe para o poker?
Beth Silva – Foi meu filho, Vini Silva. Em 2014 ele
foi para Las Vegas para disputar o WSOP e foi o brasileiro mais bem colocado no
campeonato. Fiquei durante 10 a 12 horas por dia acompanhando o Vinicius no
torneio e me encantei com o evento, mesmo sem entender absolutamente nada de
poker. Acabei me apaixonando pelo pessoal que apoiava meu filho, pelo seu jogo
e por ele estar indo bem no campeonato. Com tanto entusiasmo que demonstrei,
por torcer tanto e apoiá-lo, ganhei um curso de poker do Felipe Mojave e outro
do André Akkari. Ainda não fiz o curso com o Akkari e não vejo a hora de fazer,
mas admito que o Mojave é meu mestre, pois se deparou comigo totalmente crua no
poker e sem saber nada. Eu achava que um par de Ás era o máximo que se podia
ter de melhor no poker.
Nossa....
Com tantas mãos bonitas....
Verdade... Isso é para você ter uma ideia do que eu
entendia de poker.
É
uma mudança radical vê-la como alguém que não conhecia nada de poker hoje estar
disputando uma etapa de um campeonato nacional na categoria feminina.
Com certeza. O poker me trouxe para uma nova
realidade. Eu me apaixonei pelo poker, me reinventei e descobri um outro lado
que não sabia que existia dentro de mim. Sou apaixonada não só pelo jogo, mas
pelo ambiente e pelos amigos que conquistei.
Você
venceu preconceitos.
Claro que sim. Fico muito triste quando vejo
preconceito contra o poker, pois vemos muitas famílias jogando juntos... Pais e
filhos, irmãos e irmãs e, claro, mãe e filho. Nesta etapa, eu estou no mesmo
salão que meu filho, o que me dá muito orgulho.
Quais
foram suas principais conquistas no poker?
Exatamente um ano após o fim do meu curso, cravei a
primeira etapa do Ladies Event do BSOP de 2015, em São Paulo. Já participei de
mesas finais em outros eventos, inclusive turbo no LAPT de Punta del Este. Já
entrei em premiação várias vezes e tenho um bom currículo para quem tem apenas
dois anos no poker.
Verdade.
Com apenas dois anos já tem um excelente cartel em sua carreira.
Ah, tenho muito chão para trilhar. Estou
engatinhando perto do meu filho.
Em
casa vocês brincam com o poker?
Sempre. Muitas vezes estou jogando on-line e ele
chega, rouba meu computador e ainda diz que estou jogando errado.
Vocês
têm estilos muito diferentes?
Muito... É uma luta, pois ele tem um estilo mais
jovem e arrojado.
Você
é mais "low profile”...
Isso. Tenho 57 anos e sou muito paciente em minhas
jogadas. Ele está numa fase mais agressiva e passa atrás de mim gritando "se
mexe”.
E dá
coragem se mexer?
As vezes, não. Mas ele me ajuda muito. Quando
cravei o Ladies, ele me dava muitas dicas nos intervalos, e quando entrei em
ITM em Punta, não sabia como lidar com aquilo. Com as dicas dele, deu tudo
certo.
Você
já se considera com capacidade para ensinar quem está começando?
Não acho... Sei que tenho muito a aprender,
inclusive com quem está começando. Na mesa aprendemos muito com jogadas feitas
também por quem está começando. Temos de ser humildes sempre para estarmos
dispostos a aprender.
Você
vai para o mundial?
Com certeza irei.
Você
falou em estar em jogos on-line e o Vini chegar e puxar o seu PC ou dar
palpites nas suas estratégias. Como você avalia o jogo on-line, em que você não
está olhando nos olhos do seu oponente, e a mesa real?
São jogos bem diferentes. Jogando on-line é
possível aprender muito e ganhar experiência. Prefiro live, mas é importante
estar on-line para conhecer estratégias e amostragem de alternativas diferentes
de jogadas. O on-line é uma escola, pois existem torneios muito baratos e é
possível ver milhares de mãos e aprender bastante. Se não conquistar essa
bagagem é mais difícil ir para um torneio real, na mesa, em que a emoção está
no olho no olho. Recomendo a todos que querem iniciar no apaixonante mundo do
poker.
Fonte: Exclusivo GMB
Autor: Gildo Mazza