JUE 14 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 23:39hs.
Beth Silva, 57 anos e mãe do Vini Silva

“Eu era crua no poker há dois anos e hoje disputo campeonatos”

Beth Silva é uma jogadora de poker que vem se destacando não só por ser mãe do consagrado Vini Silva, brasileiro melhor colocado no WSOP de 2014, mas por ter uma história interessante e conhecida no meio. Beth participou da etapa paulista do Ladies Event no BSOP e ali entrevistamos ela.

GMB – O que te trouxe para o poker?
Beth Silva – Foi meu filho, Vini Silva. Em 2014 ele foi para Las Vegas para disputar o WSOP e foi o brasileiro mais bem colocado no campeonato. Fiquei durante 10 a 12 horas por dia acompanhando o Vinicius no torneio e me encantei com o evento, mesmo sem entender absolutamente nada de poker. Acabei me apaixonando pelo pessoal que apoiava meu filho, pelo seu jogo e por ele estar indo bem no campeonato. Com tanto entusiasmo que demonstrei, por torcer tanto e apoiá-lo, ganhei um curso de poker do Felipe Mojave e outro do André Akkari. Ainda não fiz o curso com o Akkari e não vejo a hora de fazer, mas admito que o Mojave é meu mestre, pois se deparou comigo totalmente crua no poker e sem saber nada. Eu achava que um par de Ás era o máximo que se podia ter de melhor no poker.

Nossa.... Com tantas mãos bonitas....
Verdade... Isso é para você ter uma ideia do que eu entendia de poker.

É uma mudança radical vê-la como alguém que não conhecia nada de poker hoje estar disputando uma etapa de um campeonato nacional na categoria feminina.
Com certeza. O poker me trouxe para uma nova realidade. Eu me apaixonei pelo poker, me reinventei e descobri um outro lado que não sabia que existia dentro de mim. Sou apaixonada não só pelo jogo, mas pelo ambiente e pelos amigos que conquistei.

Você venceu preconceitos.
Claro que sim. Fico muito triste quando vejo preconceito contra o poker, pois vemos muitas famílias jogando juntos... Pais e filhos, irmãos e irmãs e, claro, mãe e filho. Nesta etapa, eu estou no mesmo salão que meu filho, o que me dá muito orgulho.

Quais foram suas principais conquistas no poker?
Exatamente um ano após o fim do meu curso, cravei a primeira etapa do Ladies Event do BSOP de 2015, em São Paulo. Já participei de mesas finais em outros eventos, inclusive turbo no LAPT de Punta del Este. Já entrei em premiação várias vezes e tenho um bom currículo para quem tem apenas dois anos no poker.

 

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Verdade. Com apenas dois anos já tem um excelente cartel em sua carreira.
Ah, tenho muito chão para trilhar. Estou engatinhando perto do meu filho.

Em casa vocês brincam com o poker?
Sempre. Muitas vezes estou jogando on-line e ele chega, rouba meu computador e ainda diz que estou jogando errado.

Vocês têm estilos muito diferentes?
Muito... É uma luta, pois ele tem um estilo mais jovem e arrojado.

Você é mais "low profile”...
Isso. Tenho 57 anos e sou muito paciente em minhas jogadas. Ele está numa fase mais agressiva e passa atrás de mim gritando "se mexe”.

E dá coragem se mexer?
As vezes, não. Mas ele me ajuda muito. Quando cravei o Ladies, ele me dava muitas dicas nos intervalos, e quando entrei em ITM em Punta, não sabia como lidar com aquilo. Com as dicas dele, deu tudo certo.

Você já se considera com capacidade para ensinar quem está começando?
Não acho... Sei que tenho muito a aprender, inclusive com quem está começando. Na mesa aprendemos muito com jogadas feitas também por quem está começando. Temos de ser humildes sempre para estarmos dispostos a aprender.

Você vai para o mundial?
Com certeza irei.

Você falou em estar em jogos on-line e o Vini chegar e puxar o seu PC ou dar palpites nas suas estratégias. Como você avalia o jogo on-line, em que você não está olhando nos olhos do seu oponente, e a mesa real?
São jogos bem diferentes. Jogando on-line é possível aprender muito e ganhar experiência. Prefiro live, mas é importante estar on-line para conhecer estratégias e amostragem de alternativas diferentes de jogadas. O on-line é uma escola, pois existem torneios muito baratos e é possível ver milhares de mãos e aprender bastante. Se não conquistar essa bagagem é mais difícil ir para um torneio real, na mesa, em que a emoção está no olho no olho. Recomendo a todos que querem iniciar no apaixonante mundo do poker.


Fonte: Exclusivo GMB
Autor: Gildo Mazza