JUE 14 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 23:42hs.
Uelton Lima, novo presidente da CBTH

“Nós precisamos regulamentar o jogo e eu vou tentar seguir essa luta"

(Exclusivo GMB) – Após oito anos tento Igor Federal como líder maior, a Confederação Brasileira de Texas Hold'em terá un nuevo presidente. Uelton Lima nos habla sobre su novo cargo, diversidade, vício no jogo e afirma: “Nós estamos atrasados. Os nossos vizinhos todos tem regulamentação do jogo; não faz sentido o Brasil não ter”.

GMB - Qual é o sentimento e a responsabilidade de ser o novo presidente da CBTH, sucedendo uma gestão com tantas conquistas como foi a do Igor Federal?
Uelton Lima - Pra mim é o momento mais desafiador da minha trajetória no poker. Mas, também, é o momento mais feliz, mais orgulhoso. Especialmente por estar entrando, substituindo o Igor, que é um cara que deixou um legado pra gente muito especial. Não mexe só comigo, mexe com a comunidade do poker como um todo. A gente estava muito acostumado em ter o Igor a frente da CBTH, inclusive, até dois dias antes, a tentávamos convencer o Igor que ele devia continuar. Estatutariamente ele poderia continuar e seria unanime, mas, ele convenceu a gente de que deveria renovar, fazer uma transição e ter novos atores lutando pela nossa causa.

Qual será a sua principal área de atuação como presidente da CBTH? No que você acha que mais vai poder contribuir?
Eu acho que uma parte que eu vou poder contribuir muito, que eu to muito acostumado, é com eventos. A minha trajetória começa lá no interior de São Paulo fazendo torneio do interior. Começou chamando Circuito do Interior, depois virou Interior Poker Fest, então, eu sei o que essa galera que organiza eventos, torneios nos lugares mais simples ou não, mas, lugares que não estão nos grandes centros; eu sei o que esses caras passam. E eu posso ajudar muito com isso porque eu tenho um vivencia muito grande tanto com isso quanto com clube. A gente pode padronizar muita coisa, eu acho que pode acontecer isso no país. Do ponto de vista esportivo, eu acho que posso contribuir bastante.

O ex-presidente da CBTH, Igor Federal, terá participação importante na sua gestão?
O Igor não está se afastando da CBTH, a parte política nós queremos que ele continue tocando. Continue negociando, debatendo, articulando, propondo coisas nesse novo momento da discussão da lei de jogos no país. Ele tem sido um ator muito importante nesse cenário e ele vai continuar sendo.

A CBTH tem defendido a legalização dos jogos no Brasil. Essa ainda será uma bandeira da entidade na sua gestão? Quais são suas propostas para esse debate?
Obviamente nós somos a favor da legalização do jogo. Nós estamos atrasados. Os nossos vizinhos todos tem regulamentação; não faz sentido o Brasil não ter. O jogo já existe no Brasil, nós precisamos regulamentar esse jogo, nós não vamos fechar os olhos pra isso. Eu vou tentar seguir essa luta, não tem nada ganho, nada novo sendo proposto. Estamos exatamente no meio da discussão, muito já se conquistou, mas, eu acho que a batalha ainda é grande pra termos uma regulamentação de jogos no Brasil. Eu acho que o poker deve ser apartado dos demais jogos, mas, isso não torna os outros jogos ruins para o país. Só tem coisas boas. Nós vamos continuar defendendo isso.

Como você vê a qualidade do jogo de poker no Brasil? Tanto em termos de técnica dos jogadores quanto na organização de eventos e tudo o que cerca o mundo do poker?
Hoje cresceu muito o nível dos jogadores profissionais brasileiros, eu não vou citar nomes pra não acabar sendo injusto, nós temos N jogadores importantes rodando o circuito nacional, nós temos dezenas, até centenas de times dentro do país. Eu acho que ainda tem muito a melhorar, mas, tecnicamente eu posso dizer pouco. Do ponto vista dos profissionais que trabalham "fora das quatro linhas”, nossos flowers, organizadores de ventos, diretores de torneios, nosso dealers, principalmente, eles dão show no mundo. Nós temos os melhores profissionais de poker do mundo. Você vai pra eventos pelo mundo e sente uma carência muito grande nos profissionais, os brasileiros são na média os melhores do mundo.

A diversidade é uma bandeira recorrente em toda sociedade atualmente. Você pretende levar esse assunto para o poker também? Querer abrir mais espaço para todos no esporte?
Falando de diversidade é um esporte que tanto faz se você é homem ou mulher, se você é branco ou negro, se tem algum tipo de deficiência motora ou se você é um cara sem nenhum problema de saúde... você tem de tudo. Nós temos que trabalhar pra aumentar isso como em todos os setores da sociedade. O poker ainda é um esporte muito masculino, dando um exemplo, era pra ter mais mulheres, já aumentou muito... é um trabalho que nós temos que fazer e está sendo feito. Nós estamos lutando para diminuir as diferenças.

Uma das principais questões que é discutida como argumento contra o poker, e contra os jogos no geral, é a questão do vício. Como você pretende lidar com esse debate? A CBTH terá um projeto para essa área?
Eu acho que é uma tarefa nossa isso, porque se a gente não falar vai ter alguém falando e de forma distorcida. Eu acho que é responsabilidade nossa tocar nesse assunto também. Mas, o que mais dificulta é tratar de um tema que não tem amostragem. Não temos números, não tem apoio do estado. É preciso uma regulamentação pra gente poder até tratar disso, pra gente, de forma responsável, conseguir lidar com esse tipo de pessoa que tem algum transtorno, dificuldade, um problema psicológico com o vicio. Nós precisamos saber falar com o cara que tem uma compulsão por jogo, acho que é tarefa nossa. Se tem alguma coisa nova que a CBTH pode propor,que nós podemos conversar, é sobre isso.

Pra encerrar, falando pra toda a comunidade do poker: jogadores, profissionais, presidentes de federações e, claro, os fãs do esporte; o que eles podem esperar do Uelton como novo presidente da CBTH?
Eu não vou prometer a mesma competência da última gestão. Não posso garantir que vou conseguir realizar as mesmas coisas porque foram muitas batalhas, e eu estava junto nelas, são mais de cem ações na justiça e nós ganhamos todas, não temos nenhuma derrota judicial. O poker teve muitas vitórias nos últimos 10 anos, eu não sei como serão os próximos anos, não posso prometer que vamos continuar sempre tendo vitórias. O que eu posso prometer é mesma diligência, a mesma vontade, respeito com aquilo que não é meu, não era do Igor, não é de quem assumir. É nosso, é da comunidade do poker. E sempre responder a altura as expectativas de todo mundo.

 

Fonte: Exclusivo GMB
Autor: Pedro Henrique Feitosa