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- Qual é o sentimento e a responsabilidade de ser o novo presidente da CBTH,
sucedendo uma gestão com tantas conquistas como foi a do Igor Federal?
Uelton Lima - Pra mim é o momento
mais desafiador da minha trajetória no poker. Mas, também, é o momento mais
feliz, mais orgulhoso. Especialmente por estar entrando, substituindo o Igor,
que é um cara que deixou um legado pra gente muito especial. Não mexe só
comigo, mexe com a comunidade do poker como um todo. A gente estava muito
acostumado em ter o Igor a frente da CBTH, inclusive, até dois dias antes, a
tentávamos convencer o Igor que ele devia continuar. Estatutariamente ele
poderia continuar e seria unanime, mas, ele convenceu a gente de que deveria
renovar, fazer uma transição e ter novos atores lutando pela nossa causa.
Qual
será a sua principal área de atuação como presidente da CBTH? No que você acha
que mais vai poder contribuir?
Eu acho que uma parte que eu vou poder contribuir muito, que eu to muito
acostumado, é com eventos. A minha trajetória começa lá no interior de São
Paulo fazendo torneio do interior. Começou chamando Circuito do Interior,
depois virou Interior Poker Fest, então, eu sei o que essa galera que organiza
eventos, torneios nos lugares mais simples ou não, mas, lugares que não estão
nos grandes centros; eu sei o que esses caras passam. E eu posso ajudar muito
com isso porque eu tenho um vivencia muito grande tanto com isso quanto com
clube. A gente pode padronizar muita coisa, eu acho que pode acontecer isso no
país. Do ponto de vista esportivo, eu acho que posso contribuir bastante.
O
ex-presidente da CBTH, Igor Federal, terá participação importante na sua
gestão?
O Igor não está se afastando da CBTH, a parte política nós queremos que ele
continue tocando. Continue negociando, debatendo, articulando, propondo coisas
nesse novo momento da discussão da lei de jogos no país. Ele tem sido um ator
muito importante nesse cenário e ele vai continuar sendo.
A
CBTH tem defendido a legalização dos jogos no Brasil. Essa ainda será uma
bandeira da entidade na sua gestão? Quais são suas propostas para esse debate?
Obviamente nós somos a favor da legalização do jogo. Nós estamos atrasados. Os
nossos vizinhos todos tem regulamentação; não faz sentido o Brasil não ter. O
jogo já existe no Brasil, nós precisamos regulamentar esse jogo, nós não vamos
fechar os olhos pra isso. Eu vou tentar seguir essa luta, não tem nada ganho,
nada novo sendo proposto. Estamos exatamente no meio da discussão, muito já se
conquistou, mas, eu acho que a batalha ainda é grande pra termos uma
regulamentação de jogos no Brasil. Eu acho que o poker deve ser apartado dos
demais jogos, mas, isso não torna os outros jogos ruins para o país. Só tem
coisas boas. Nós vamos continuar defendendo isso.
Como
você vê a qualidade do jogo de poker no Brasil? Tanto em termos de técnica dos
jogadores quanto na organização de eventos e tudo o que cerca o mundo do poker?
Hoje cresceu muito o nível dos jogadores profissionais brasileiros, eu não vou
citar nomes pra não acabar sendo injusto, nós temos N jogadores importantes
rodando o circuito nacional, nós temos
dezenas, até centenas de times dentro do país. Eu acho que ainda tem
muito a melhorar, mas, tecnicamente eu posso dizer pouco. Do ponto vista dos
profissionais que trabalham "fora das quatro linhas”, nossos flowers,
organizadores de ventos, diretores de torneios, nosso dealers, principalmente,
eles dão show no mundo. Nós temos os melhores profissionais de poker do mundo.
Você vai pra eventos pelo mundo e sente uma carência muito grande nos
profissionais, os brasileiros são na média os melhores do mundo.
A
diversidade é uma bandeira recorrente em toda sociedade atualmente. Você
pretende levar esse assunto para o poker também? Querer abrir mais espaço para
todos no esporte?
Falando de diversidade é um esporte que tanto faz se você é homem ou mulher, se
você é branco ou negro, se tem algum tipo de deficiência motora ou se você é um
cara sem nenhum problema de saúde... você tem de tudo. Nós temos que trabalhar
pra aumentar isso como em todos os setores da sociedade. O poker ainda é um
esporte muito masculino, dando um exemplo, era pra ter mais mulheres, já
aumentou muito... é um trabalho que nós temos que fazer e está sendo feito. Nós
estamos lutando para diminuir as diferenças.
Uma
das principais questões que é discutida como argumento contra o poker, e contra
os jogos no geral, é a questão do vício. Como você pretende lidar com esse
debate? A CBTH terá um projeto para essa área?
Eu acho que é uma tarefa nossa isso, porque se a gente não falar vai ter alguém
falando e de forma distorcida. Eu acho que é responsabilidade nossa tocar nesse
assunto também. Mas, o que mais dificulta é tratar de um tema que não tem
amostragem. Não temos números, não tem apoio do estado. É preciso uma
regulamentação pra gente poder até tratar disso, pra gente, de forma responsável,
conseguir lidar com esse tipo de pessoa que tem algum transtorno, dificuldade,
um problema psicológico com o vicio. Nós precisamos saber falar com o cara que
tem uma compulsão por jogo, acho que é tarefa nossa. Se tem alguma coisa nova
que a CBTH pode propor,que nós podemos conversar, é sobre isso.
Pra
encerrar, falando pra toda a comunidade do poker: jogadores, profissionais,
presidentes de federações e, claro, os fãs do esporte; o que eles podem esperar
do Uelton como novo presidente da CBTH?
Eu não vou prometer a mesma competência da última gestão. Não posso garantir
que vou conseguir realizar as mesmas coisas porque foram muitas batalhas, e eu
estava junto nelas, são mais de cem ações na justiça e nós ganhamos todas, não
temos nenhuma derrota judicial. O poker
teve muitas vitórias nos últimos 10 anos, eu não sei como serão os próximos
anos, não posso prometer que vamos continuar sempre tendo vitórias. O que eu
posso prometer é mesma diligência, a mesma vontade, respeito com aquilo que não
é meu, não era do Igor, não é de quem assumir. É nosso, é da comunidade do
poker. E sempre responder a altura as expectativas de todo mundo.
Fonte: Exclusivo GMB
Autor: Pedro Henrique Feitosa